Condomínio de Madureira cogita pagar ao tráfico
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Madureira: condomínio pode aprovar “mensalidade” de R$ 1.800 ao tráfico

Assembleia marcada para maio prevê repasse de R$ 1.800 por mês ao Terceiro Comando Puro, que domina a comunidade do Morro do São José

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Condomínio em Madureira convoca moradores para aprovar pagamento mensal ao tráfico. Foto: Reprodução

Moradores de um condomínio em Madureira, na Zona Norte do Rio, foram surpreendidos com a pauta de uma Assembleia Geral Extraordinária convocada para o próximo dia 13 de maio de 2025. O principal item da ordem do dia prevê a aprovação de um pagamento mensal de R$ 1.800 ao tráfico de drogas que atua na comunidade vizinha do Morro do São José, dominada pela facção criminosa Terceiro Comando Puro (TCP).

Segundo o edital de convocação, assinado pelo síndico do prédio — cujo nome está sendo mantido em sigilo por razões de segurança — a assembleia ocorrerá em duas chamadas: a primeira às 16h e a segunda 30 minutos depois. A proposta formaliza um repasse financeiro direto ao tráfico a partir de maio.

Medo e coerção

De acordo com relatos, a cobrança teria sido imposta após outros condomínios da região sofrerem retaliações por se recusarem a pagar valores semelhantes. Moradores, intimidados pela atuação armada dos criminosos, estariam sendo coagidos a colaborar financeiramente com o grupo para evitar represálias.

O valor de R$ 1.800 mensais seria destinado aos traficantes do Morro do São José, uma das comunidades que integram o Complexo da Serrinha, reduto do Terceiro Comando Puro, liderado por Wallace de Brito Trindade, conhecido como Lacosta da Serrinha.

Wallace de Brito Trindade, o “Lacosta”. Foto: Reprodução

Tráfico armado e milionário

Segundo informações do Portal dos Procurados, a facção mantém o maior arsenal bélico da região da Grande Madureira, com centenas de fuzis, dezenas de bocas de fumo e um lucro estimado em mais de R$ 700 mil por mês. A estrutura criminosa é operada por moradores recrutados dentro das próprias comunidades.

O Complexo da Serrinha é formado pelas comunidades da Serrinha, Fazenda, Patolinha, São José e Dendezinho — todas sob influência direta do TCP.

Em nota, a Polícia Civil informou que a Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco) vai instaurar inquérito sobre o caso. O síndico do condomínio será chamado para prestar depoimento.