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Educação

Estudantes e professores da UFRJ são hostilizados em protesto de bolsonaristas em Barra Mansa: ‘Fomos chamados de vagabundos’

Comitiva do Instituto de Geociências estava viajando para realizar uma pesquisa de campo em Uberaba (MG) quando foi cercada por um grupo de manifestantes. Estudantes foram obrigados a andar por quase 2h até o hotel mais próximo.

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Estudantes foram obrigados a andar pela estrada por quase duas horas para chegar até o hotel mais próximo e passar a noite (Foto: Reprodução)

Estudantes e professores do Instituto de Geociências da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) foram hostilizados por manifestantes, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, que bloquearam a passagem da comitiva na Rodovia Presidente Dutra.

O grupo, formado por três professores, 30 estudantes e quatro motoristas, estava dividido em um ônibus e uma van em direção à cidade de Uberaba (MG), onde realizariam uma pesquisa de campo. Porém, os veículos foram impedidos de seguir viagem na altura de Barra Mansa.

Para proteger a vida do grupo, os professores orientaram os estudantes a se dividirem em grupos e se encaminharem até o hotel mais próximo, portando apenas as roupas do corpo e documentos. Durante o caminho, os estudantes foram xingados, filmados, ameaçados e hostilizados pelos manifestantes.

“Nós andamos por cerca de 7km na estrada, demorou quase 2h para chegarmos no hotel mais próximo. A gente teve que passar pelo meio deles enquanto nos encaravam. Fomos chamados de vagabundos, mas ninguém estava com símbolo de nada, nenhuma camisa vermelha, nada relacionado ao Lula”, conta o estudante de Geologia, Felipe Leitão, de 20 anos.

(Foto: Reprodução)

Segundo Felipe, em meio a xingamentos e ameaças, agentes da Polícia Militar e da Polícia Rodoviária Federal acompanhavam o protesto e não ajudaram o grupo a seguir viagem.

“Tinha um homem lá com um pedaço de madeira, vestido com uma camisa do Império, que ficou passando pela gente, filmando o ônibus e nos encarando com um olhar intimidador. A Polícia Rodoviária Federal e a Polícia Militar estavam do lado deles e nada fizeram”, declarou o estudante.

Até a última atualização desta matéria, a comitiva da UFRJ ainda não tinha retornado à cidade do Rio de Janeiro.

Procurada pela Super Rádio Tupi, a Polícia Rodoviária Federal e a Polícia Militar não se pronunciaram sobre o incidente.

Nota de repúdio

“A Reitoria da UFRJ repudia veementemente o bloqueio e a hostilização protagonizados pelos manifestantes que impossibilitaram os estudantes de prosseguir viagem de pesquisa acadêmica. Além disso, nos solidarizamos com cada discente, docente, motorista e seus familiares. Além dos sucessivos bloqueios orçamentários que a UFRJ atravessou por todo o ano de 2022 levando a um estado de penúria financeira, ter, agora, que encarar bloqueios terrestres que impedem o livre tráfego para produzir pesquisas é surpreendente para uma instituição centenária como a UFRJ.

A Reitoria da UFRJ lamenta, ainda, a postura da Polícia Rodoviária Federal (PRF), que, para não criar conflito com os caminhoneiros manifestantes, não se esmerou inicialmente para que a comunidade acadêmica da UFRJ ali representada pudesse ter o direito a estudar e prosseguisse com sua viagem de trabalho de campo.

A UFRJ não permitirá que seus estudantes, professores e funcionários sejam ultrajados e hostilizados e com anuência de outros entes do Poder Executivo. Vivemos em uma República. A Universidade não se calará e não permitirá que ataques sucessivos à comunidade acadêmica continuem em marcha contra a educação e a democracia, nem tampouco compactuaremos com discursos de ódio e ataques antidemocráticos. Seguimos lutando e acreditando na ciência e na educação de qualidade como rota para um Brasil melhor, como acontece em todo país verdadeiramente independente e desenvolvido.”

Reitoria orienta adiamento de provas e avaliações

Devido aos bloqueios antidemocráticos nas rodovias do estado do Rio de Janeiro, a Pró-Reitoria de Graduação (PR-1) da universidade orientou que não seja computada a frequência das atividades acadêmicas e que não sejam realizadas avaliações nesta terça-feira (1º). As aulas estão mantidas.

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