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Emprego

Gastromotiva forma turma em curso gratuito profissional para pessoas em situação de vulnerabilidade

Cardápio temperado de esperança

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Foto Destaque: Divulgação

A Gastromotiva, organização não governamental que desenvolve iniciativas de combate à fome e à insegurança alimentar, tem entre os seus principais pilares a educação como motor de transformação social. A instituição forma na sexta-feira (21), nova turma do curso gratuito de Formação Básica em Cozinha.

São 30 alunos que receberão, junto com o diploma, uma nova carreira. Entre os formandos o perfil é diverso: desde jovens que buscam qualificação profissional até pessoas que desejam abrir ou profissionalizar seus próprios negócios. Em comum, essas pessoas têm o sonho de transformar o futuro a partir de uma formação profissional.

“Na Gastromotiva, o nosso objetivo é promover mudanças sociais profundas e duradouras. Estamos falando de soluções que funcionam a curto, médio e longo prazos. E, sem dúvidas, a educação é a ferramenta mais eficiente para alcançar esse tipo de transformação. Capacitamos pessoas para que elas possam almejar um futuro melhor”, afirma David Hertz, chef e empreendedor social, fundador da Gastromotiva.

Desde a pandemia, essa será a primeira turma do curso Formação Básica em Cozinha da Gastromotiva, com aulas e formatura 100% presenciais. Patrocinado pela BR Marinas e Groupe SEB, esta edição do curso ofereceu 10 semanas de ensino prático e teórico da gastronomia com conteúdos relacionados às habilidades básicas: confeitaria, panificação, serviço de salão, postura profissional, entre outros. A grade incluiu ainda módulos educacionais voltados especificamente para o desenvolvimento humano e a gastronomia social.

“Logo nas primeiras aulas eu amei e comecei a pensar já em várias possibilidades. Quem sabe vou abrir um negócio?”, conta Ariane Felicidade, uma das alunas que se forma no dia 21. Moradora de Marechal Hermes, ela não sabia como seguir adiante. Desempregada há muitos anos, com uma filha no início da adolescência, Ariane trabalhava como voluntária em um projeto social e fazia bolos caseiros de maneira informal para vender.

Aprovada para participar do curso da Gastromotiva, vê agora uma infinidade de caminhos, entre eles abrir uma casa de bolos e cafés batizada de Potinhos da Felicidade, uma referência ao seu sobrenome e também ao sentimento que vive atualmente. “Me sinto muito mais segura depois desse curso. Daqui para a frente as portas vão se abrir”, comemora.

Segurança também é o que impulsiona Thuani da Cunha Moura Corrêa, de 30 anos. Seguindo os passos do marido que já havia estudado na Gastromotiva, ela acaba de concluir o curso e faz planos para unir os conhecimentos de ambos e impulsionar o Buffet do Salomão, serviço que oferecem em Itaboraí. Técnicas de cozinha, receitas e medidas corretas dos ingredientes são aprendizados que seguirão com Thuani. Um dos pontos que mais a marcou durante o curso, no entanto, foi o de aproveitamento máximo dos produtos.

“Esse curso vai fazer muita diferença para o nosso negócio. Uma das principais mudanças é a visão que tenho hoje dos alimentos. Antes, muito era descartado. Hoje percebo que posso usar tudo para agregar novas opções ao cardápio e até surpreender
os clientes. As cascas dos alimentos, por exemplo, a gente tinha o hábito de jogar fora. Agora não mais. Tudo pode ser transformado e se tornar delícias nas mesas. Estou totalmente no ritmo Gastromotiva”, conta Thuani.

Não apenas ensinar, mas influenciar de forma positiva os alunos para que eles promovam mudanças no meio onde vivem é um dos diferenciais do curso. Entre as atividades, estão aulas práticas no Refettorio Gastromotiva, que serve refeições a pessoas em situação de vulnerabilidade social, no Rio de Janeiro, e vivências em comunidades periféricas onde os alunos elaboram cardápios, preparam e servem as refeições.

Um legado que os alunos prometem levar para toda a vida. Carolina Gomes de Oliveira, de 29 anos, tinha desde menina, quando ajudava a tia a confeitar bolos, o desejo de estudar Gastronomia. O valor dos cursos, no entanto, inviabilizava a concretização do sonho. Até que foi selecionada pela Gastromotiva. Agora, além de fazer planos de trabalhar em grandes cozinhas profissionais e de abrir o seu próprio negócio, quer exercitar o ato de amor que se expressa ao cozinhar para quem não tem o que comer. Deseja ainda compartilhar tudo o que aprendeu sobre o aproveitamento dos ingredientes.

“Essa questão de jogar alimentos fora sempre me incomodou. Aqui aprendi como se faz para aproveitar tudo. Como não temos muitos recursos financeiros, esse é um olhar diferente que mostra o que devemos e podemos fazer dentro das nossas próprias casas”, explica.

A Gastromotiva é uma organização social fundada pelo chef e empreendedor social David Hertz e tem como missão transformar a vida de pessoas e comunidades usando a gastronomia como ferramenta para geração de renda e promoção do impacto social. Referência em Gastronomia Social no Brasil, a organização atua oferecendo cursos profissionalizantes no campo da alimentação e empreendedorismo, além de programas e projetos com o foco no combate à fome, insegurança alimentar e redução do desperdício de alimentos. 

Fundada em 2006, a organização já formou gratuitamente mais de sete mil profissionais para o mercado de trabalho, ofereceu educação alimentar e nutricional para mais de 100 mil pessoas, evitou o desperdício de mais de 300 toneladas de alimentos e apoiou a implantação de cozinhas solidárias que já distribuíram mais de 2.9 milhões de refeições de qualidade gratuitas para pessoas em insegurança alimentar.  “Quando essa porta se abriu e fui aceita no curso, me senti realizada e pensei: “É agora!”. E assim vai ser”, afirma Carolina.

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