Brasil
Inflação de Natal desacelera em 2025 e reduz custo da ceia
Levantamento do FGV IBRE mostra queda nos alimentos e alta moderada em presentes
A inflação dos itens tradicionalmente consumidos no Natal registrou variação de 0,10% no acumulado de 12 meses até novembro de 2025, segundo levantamento do FGV IBRE. O resultado representa uma forte desaceleração em relação aos 4,48% observados no mesmo período de 2024 e indica menor pressão inflacionária neste fim de ano.
O comportamento dos preços, no entanto, foi distinto entre os principais componentes das despesas natalinas. Enquanto os alimentos da ceia apresentaram queda média, os itens mais associados à compra de presentes registraram alta moderada, refletindo um ambiente de consumo mais aquecido.
Os alimentos que compõem a ceia tiveram recuo médio de 1,44% no período analisado. A redução foi influenciada principalmente pela queda nos preços de produtos básicos, como batata-inglesa, arroz e azeite, que haviam pressionado o orçamento das famílias em anos anteriores.
Por que a ceia ficou mais barata em 2025?

Segundo o FGV IBRE, a queda nos preços dos alimentos está associada à normalização das cadeias de oferta, à melhora das condições climáticas no Brasil e à desaceleração das commodities alimentares no mercado internacional. Esses fatores contribuíram para aliviar os custos dos itens mais recorrentes na ceia de Natal.
Apesar do recuo médio, algumas proteínas mantiveram trajetória de alta. Carnes bovinas, pernil, lombo suíno e frango inteiro continuaram pressionando os preços, assim como o bacalhau, que voltou a registrar alta mais intensa após queda observada em 2024.
De acordo com o levantamento, a valorização do bacalhau reflete restrições de oferta no mercado internacional e a influência de um câmbio que permaneceu elevado ao longo de parte do ano.
Como se comportaram os preços dos presentes?

No segmento de presentes, a inflação acumulada foi de 1,41%, marcando uma retomada moderada após dois anos de variações reduzidas. O grupo de eletrônicos manteve tendência de queda, embora menos intensa, com destaque para a redução nos preços de aparelhos celulares.
Em contrapartida, o vestuário apresentou alta, especialmente nas roupas masculinas. Já os itens infantis tiveram comportamento misto, com recuo significativo nos preços de calçados, o que ajudou a conter uma alta mais generalizada no segmento.
Consumo aquecido influencia reajustes
Segundo o pesquisador do FGV IBRE Matheus Dias, o movimento observado na cesta de presentes está relacionado ao fortalecimento do consumo ao longo de 2025. Ele avalia que a combinação de mercado de trabalho resiliente e ganho real de renda das famílias abriu espaço para reajustes mais perceptíveis em bens de consumo semiduráveis.
Para o pesquisador, após um período prolongado de baixa inflação nesses itens, o ambiente econômico mais favorável contribuiu para uma recomposição parcial de preços.
Contexto econômico explica cenário mais equilibrado
A dinâmica da inflação de Natal em 2025 reflete um contexto macroeconômico diferente dos últimos anos. A desaceleração global e a melhora das safras reduziram pressões sobre os alimentos, enquanto custos logísticos elevados e o câmbio ainda em patamar alto mantiveram impacto sobre produtos importados e segmentos específicos, como saúde e beleza.
Pelo lado da demanda, a sustentação do consumo e a convergência gradual da inflação para a meta limitaram repasses mais intensos ao consumidor, apesar da persistência de alguma rigidez no setor de serviços.
O que o resultado indica para o consumidor?
O levantamento aponta para um Natal com menor pressão inflacionária sobre a ceia, aliviando o orçamento das famílias na compra de alimentos. Por outro lado, os preços dos presentes refletem um ambiente econômico mais aquecido, com reajustes moderados em alguns segmentos.
O cenário indica maior equilíbrio entre oferta, demanda e expectativas, com impacto mais contido sobre o custo total das comemorações de fim de ano.
