Rio
Polícia Civil mira grupo que usava pastor para extorquir empresas
O grupo seria comandado por Joab da Conceição Silva, apontado como chefe do tráfico na região e integrante do Comando VermelhoA Polícia Civil iniciou nesta quinta-feira (27) a Operação Refinaria Livre para desarticular uma organização criminosa suspeita de extorquir empresas instaladas no entorno da Refinaria Duque de Caxias (Reduc). A ação reúne agentes da DRE-CAP, DRE-BF e da 60ª DP (Campos Elíseos). Três criminosos foram presos até o momento.
Segundo a polícia, o grupo seria comandado por Joab da Conceição Silva, apontado como chefe do tráfico na região e integrante do Comando Vermelho, além de um pastor que se apresentava como líder comunitário. De acordo com os investigadores, embora em nome de ações sociais, o pastor atuava como intermediador das ordens do tráfico para intimidar empresários.
Ameaças constantes
A investigação da DRE-CAP revelou que empresas da área industrial da Reduc eram forçadas a fazer pagamentos mensais ao grupo sob ameaça de incêndio de caminhões, agressões a funcionários, paralisações forçadas e restrição de acesso às instalações. Mandados de prisão temporária e de busca e apreensão foram expedidos para impedir novas coações e garantir a coleta de provas.
Os agentes afirmam que o pastor visitava as empresas impondo regras atribuídas a Joab, como a proibição de caminhões em pátios, a exigência de contratação de moradores ligados ao tráfico e a oferta de mediação para evitar represálias.
Atuação do grupo dentro do polo industrial
Relatos formais de empresários, termos de declaração e atas do Ministério do Trabalho apontam que empresas chegaram a suspender atividades por dias devido às ameaças. A investigação também identificou que sindicatos e associações eram usados como instrumentos de pressão.
De acordo com os agentes, integrantes da organização infiltravam-se em setores industriais, interferindo em processos seletivos, indicando candidatos sem qualificação e cobrando vantagens indevidas por vagas. Entre os contratados, estava a companheira de Joab, que teria sido admitida sem critérios técnicos poucos dias antes do ataque à 60ª DP, ocorrido em fevereiro de 2025.
Qual o histórico dos envolvidos na operação?
O pastor, apontado como articulador junto às empresas, já havia sido preso no início de novembro, em Betim (MG), durante a Operação Aves de Rapina. Ele transportava uma pistola, seis granadas artesanais, munições e dinheiro. Segundo a polícia, ele admitiu ter levado os explosivos de Duque de Caxias para ações de intimidação na Refinaria Gabriel Passos (Regap), em Minas Gerais, sob alegação de apoiar um movimento grevista.
O veículo também era ocupado pelo presidente de uma associação de empresas de transporte de combustível, o que, segundo os investigadores, evidencia participação de entidades formais na estrutura criminosa. O uso de explosivos reforça, segundo a polícia, o método de ameaçar empresas e trabalhadores, com potencial risco ao transporte nacional de combustíveis.