Rio
Quem eram os quatro policiais mortos na megaoperação mais letal do RJ
Os agentes chegaram a ser socorridos e levados para o Hospital Estadual Getúlio Vargas, mas não resistiram aos ferimentos
Quatro policiais morreram durante a megaoperação realizada nos complexos da Penha e do Alemão, na Zona Norte do Rio, nesta terça-feira (28). As vítimas são dois agentes da Polícia Civil e dois da Polícia Militar.
De acordo com a Polícia Civil, os agentes Marcus Vinícius Cardoso, conhecido como Máskara, e Rodrigo Velloso Cabral foram atingidos no momento em que as equipes entravam na Penha. Traficantes do Comando Vermelho (CV) reagiram a tiros e ergueram barricadas em chamas. Máskara foi atingido na cabeça, enquanto Cabral levou um tiro na nuca.
Já os sargentos Cleiton Serafim Gonçalves e Heber Carvalho da Fonseca, do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), foram baleados durante o avanço das tropas pela Vila Cruzeiro. Cleiton foi atingido no abdômen.
Segundo nota oficial, os quatro policiais chegaram a ser socorridos e levados para o Hospital Estadual Getúlio Vargas, mas não resistiram aos ferimentos.
Quem eram os policiais do Bope mortos na ação?
O sargento Cleiton Serafim Gonçalves, de 42 anos, ingressou na corporação em 2008. Ele possuía especialização em tiros e apoio tático durante operações. Cleiton deixa a esposa e uma filha.
Em nota, a Polícia Militar lamentou sua morte e destacou sua trajetória: “Serafim dedicou sua vida ao serviço público, honrando a farda com coragem, lealdade e compromisso inabalável com a segurança da sociedade. Seu sacrifício representa a mais nobre expressão do dever policial: proteger e servir, mesmo diante do maior dos riscos. Que seu exemplo de bravura e dedicação permaneça vivo na memória de todos nós.”
Já Heber Carvalho da Fonseca, de 39 anos, era policial desde 2011. Especialista em tiros de precisão, foi morto durante confronto com traficantes no Complexo do Alemão. A esposa, os dois filhos e um enteado lamentam a perda do familiar.
A corporação também lamentou sua perda: “Heber dedicou sua vida ao cumprimento do dever e deixa um legado de coragem, lealdade e compromisso com a missão policial militar. Sua ausência será sentida por todos que tiveram a honra de conhecê-lo”.
Quem eram os policiais civis mortos no Complexo da Penha?
O comissário Marcus Vinícius Cardoso, conhecido como Máskara, tinha 51 anos e acumulava 26 anos de carreira na Polícia Civil. Ele havia sido promovido ao posto de comissário, o cargo mais alto de investigador, na véspera da operação.
Marcus ingressou na corporação em 1999, na Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), onde ganhou o apelido por lembrar o personagem do filme “O Máskara”, interpretado por Jim Carrey. Antes da DRE, Marcus atuou na 18ª DP (Praça da Bandeira) e, mais recentemente, chefiava o Setor de Investigações da 53ª DP (Mesquita).
O policial Rodrigo Velloso Cabral, de 34 anos, havia acabado de chegar na Polícia Civil do Rio. Tinha apenas 40 dias de corporação e foi morto após ser atingido por um tiro na nuca. Lotado na 39ª DP (Pavuna), ele deixa esposa e uma filha.
A operação
Os quatro policiais estavam entre os 2,5 mil agentes mobilizados na operação desta terça, que visava cumprir 100 mandados de prisão contra traficantes do Comando Vermelho e conter o avanço territorial da facção.
A ofensiva se tornou a mais letal da história da cidade, com 64 mortos, incluindo os quatro policiais, segundo balanço oficial do governo do estado
Os agentes prenderam 81 pessoas, entre elas Nikolas Fernandes Soares, o Harley, apontado como operador financeiro de Edgar Alves de Andrade, o Doca, liderança da facção.
O secretário de Segurança Pública, Victor Santos, afirmou que toda a logística foi conduzida por forças estaduais. A operação contou com 32 blindados, dois helicópteros, apoio de drones e veículos de demolição do Núcleo de Apoio às Operações Especiais da PM.
Balanço final da operação
- 81 presos
- 60 criminosos mortos em confronto
- 4 feridos sob custódia
- 3 civis baleados
- 7 policiais feridos (4 civis e 3 militares)
- 4 policiais mortos (2 civis e 2 militares)
- 93 fuzis e 2 pistolas apreendidos
- 9 motos, carregadores e grande quantidade de drogas recolhidos
Cidade entrou em estágio 2
Devido à violência, o Centro de Operações Rio colocou o município em estágio 2 às 13h48, indicando risco para a população e reflexos no trânsito.
- Educação: 28 escolas foram impactadas no Complexo do Alemão e 17 na Penha, segundo a Secretaria Municipal de Educação. Uma unidade estadual precisou ser fechada.
- Saúde: cinco unidades de Atenção Primária suspenderam o funcionamento, e uma clínica da família manteve apenas atendimentos internos.
- Transporte: mais de 120 linhas de ônibus tiveram itinerário desviado, e 50 veículos foram usados como barricadas. As áreas mais afetadas incluem Anchieta, Méier, Av. Brasil, Linha Amarela e Cidade de Deus.