Rio
UERJ recebe evento que une literatura negra, cultura quilombola e resistência
Seminário encerra circuito cultural com feira, palestras e debates sobre clássicos de Lima Barreto, Machado de Assis e Maria Firmina dos ReisA Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) será palco, no dia 28 de outubro, do seminário “Encontro Marcado: Raízes da Literatura Negra Brasileira”, evento gratuito que celebra a ancestralidade e encerra o circuito itinerante promovido pela Art Cult, em parceria com o Ministério da Cultura e apoio da ACQUILERJ.
Das 10h às 17h, na Capela Ecumênica da UERJ, o público poderá participar de debates literários, assistir a palestras e visitar uma feira com produtos de 30 comunidades quilombolas de diversas regiões do estado.
O projeto, resultado de emenda parlamentar do Deputado Federal Bandeira de Mello, percorreu cidades como Volta Redonda, Campos dos Goytacazes, Cabo Frio e Mangaratiba, e chega à capital com o objetivo de celebrar a literatura como instrumento de memória, resistência e pertencimento.
Quem participa dos debates sobre literatura negra?
A programação conta com quatro painéis temáticos, conduzidos por escritores, professores e pesquisadores. Entre os convidados estão Marcelo dos Santos (UNIRIO), Elisa Andrade Costa, Fábio Elionar do Carmo Souza, Érica Luciana de Souza Silva e o sociólogo Paulo Baía, referência nacional em diversidade e comportamento.
Também participam Rosana Silva, da Academia de Letras e Artes de Cabo Frio, e June Lessa Freire, mestre em Educação e coordenadora pedagógica do projeto.
“A escola não pode estar dissociada do território. Quando aproximamos a sala de aula das experiências quilombolas, fortalecemos a consciência histórica e combatemos o apagamento das identidades negras”, destaca June.

Quais obras serão debatidas?
O seminário vai exibir vídeos e promover reflexões sobre dez clássicos da literatura brasileira, com destaque para autores negros e suas contribuições à crítica social. Entre as obras estão:
- O Triste Fim de Policarpo Quaresma, Os Bruzundangas e Clara dos Anjos (Lima Barreto);
- O Alienista, Esaú e Jacó e Memórias Póstumas de Brás Cubas (Machado de Assis);
- Úrsula, A Escrava e Gupeva (Maria Firmina dos Reis);
- O Livro Derradeiro (Cruz e Souza).
As obras foram escolhidas por sua relevância histórica e acesso público gratuito, reforçando o diálogo entre literatura, identidade negra e consciência social.
Feira Quilombola destaca cultura viva e ancestralidade
Paralelamente às mesas de debate, o público poderá conhecer a Feira Quilombola, com arte, culinária, moda e produtos sustentáveis de comunidades tradicionais como Sobara (Araruama), Baía Formosa (Búzios), Maria Conga (Magé), Ilha da Marambaia (Mangaratiba) e Machadinha (Quissamã).
“Encerrar esse ciclo na UERJ é simbólico. É um espaço de conhecimento e resistência, assim como a literatura negra”, afirma Evandro Tavares, presidente da Art Cult.
O seminário integra o projeto Bi2u – Diálogos com a Ancestralidade, criado em 2025 para difundir a produção literária negra e fortalecer o intercâmbio entre escolas, universidades e territórios quilombolas.