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UFF intensifica campanhas de prevenção contra doenças sexualmente transmissíveis

As IST aparecem, principalmente, no órgão genital, mas podem surgir também em outras partes do corpo, como palma das mãos.

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Exposição sobre sífilis
Exposição sobre sífilis (Foto: Reprodução)

O Carnaval chegou e além da animação e das aglomerações dos blocos e dos desfiles, os foliões precisam ficar atentos aos cuidados redobrados que devem ter com a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e não deixar de usar preservativos, masculinos e femininos. O alerta é dos especialistas em saúde do Setor de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) do Departamento de Microbiologia e Parasitologia (MIP) do Instituto Biomédico (CMB) da Universidade Federal Fluminense.

 “Na verdade, trabalhamos o ano inteiro. Mas, verdadeiramente, aproveitamos, sim, época do carnaval para trabalhar com informações, testagens para algumas DST (sífilis, hepatites B e C e HIV, em sangue e secreções e urina para gonorreia e clamídia), sempre em parceria com a Secretaria de Saúde de Niterói e Departamento de HIV/AIDS, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis – DATHI” Como Explicou o Prof. Mauro Romero Leal Passos, Coordenador do Setor de Doenças Sexualmente Transmissíveis da UFF.

De acordo com a orientação de profissionais de saúde, uma das formas importantes de prevenção é ficar atento as principais manifestações clínicas das infecções sexualmente transmissíveis (IST), como: corrimentos(uretra/vagina), feridas, verrugas anogenitais, entre outros possíveis sintomas, como dor pélvica, ardência ao urinar, lesões de pele (manchas pelo corpo, pústulas em pele, recentemente dois casos de mpox foram diagnosticados no Setor de DST/UFF) e aumento de ínguas, especialmente nas virilhas.

As IST aparecem, principalmente, no órgão genital, mas podem surgir também em outras partes do corpo, como palma das mãos, olhos e boca. Entre as infecções mais comuns de IST estão: herpes genital, sífilis, gonorreia, clamídia, tricomoníase, infecção pelo HIV, infecção pelo Papilomavírus Humano (HPV), hepatites virais B e C, infecção pelo vírus linfotrópico de células T humanas (HTLV).

“O corpo deve ser observado durante a higiene pessoal, o que pode ajudar a identificar uma IST no estágio inicial. Sempre que se perceber algum sinal (ferida, corrimento genital, manchas que o médico pode ver) ou algum sintoma (febre, dor na relação, o que o paciente sente ou sentiu) deve-se procurar o serviço de saúde, independentemente de quando foi a última relação sexual, e, quando indicado, avisar a parceria sexual.” Ressaltou, Dr. Mauro.

O diferencial no atendimento do DST UFF é que há o “Acolhimento, porta aberta” em que os profissionais, querem “resolver” o problema/angústia de quem os procura e não “se livrar” do paciente. O atendimento é feito sem qualquer tipo de preconceito procurando, sobretudo, quebrar a cadeia de transmissão, quando pertinente, deixando portas abertas para atendimento de parcerias sexuais:

 – Todos da equipe são totalmente engajados no melhor atendimento, seja de acolhimento, emocional… até consulta médica, propriamente dita.

– É incentivado o rastreio precoce de infecções sexualmente transmissíveis, bem como rastreio de lesões precursoras de câncer anogenital (colo uterino, vagina, vulva, pênis, ânus).

 Como a orientação da equipe é buscar efetividade, em várias situações são realizadas biopsias das “feridas” já na primeira consulta e em até duas semanas, o paciente tem o diagnóstico histopatológico. Isso porque, também há parceria com o Laboratório Bittar (rede privada) que atende, em situações especiais/urgentes de forma gratuita para os pedidos do Setor.

Muitas pessoas chegam ao DST pelo contato de telefone pessoal do Professor Mauro que alguns Postos de Saúde de Niterói, São Gonçalo, cidades da região metropolitana passam ao paciente para a pessoa.

Completando 36 anos de sua criação em 2024, o serviço de DST da UFF, criado em 1988 sob a coordenação de Mauro Romero, é uma referência em saúde pública não só no país, mas internacionalmente e presta um atendimento essencial aos moradores de Niterói, São Gonçalo, Itaboraí da região metropolitana do Rio de Janeiro.

 Ao longo de quase 4 décadas, o setor vem desenvolvendo um importante trabalho de assistência de saúde aos moradores de comunidades de Niterói, como o Morro do Estado (Casa Reviver), no centro da cidade. Outro exemplo de trabalho para grupos mais vulneráveis é o realizado com as mulheres da Vila Mimosa, no Rio de Janeiro, que anualmente recebem vários tipos de vacinação

(vacinação contra HPV, em projeto especial).

Os profissionais de saúde do setor também realizam regulamente palestras educativas em algumas escolas públicas de ensino médio (Colégio Estadual Joaquim Távora, Aurelino Leal, Casa Reviver, Morro do Estado).

Mas, no geral o atendimento é feito por demanda espontânea, encaminhada por alguém que já foi atendido pelo Setor, parceria sexual de pessoas atendidas, referenciadas pela rede SUS ou de planos de saúde suplementar. Há campanhas de Vacinação contra HPV em estudantes da UFF (pesquisa cadastrada); Testes rápidos para sífilis, hepatites B e C e HIV para muitos alunos da própria universidade. Até autoteste para HIV em saliva, o Setor disponibiliza para quem desejar (material cedido pela Secretaria de Saúde de Niterói/Ministério da Saúde).

“Ao longo desses 36 anos, o perfil dos usuários do SUS, uma porcentagem de cerca de 10% é de plano de medicina suplementar procuram o nosso serviço pela credibilidade do atendimento”. Destacou, Dr. Mauro.

Desde quando foi criado o setor, já foram registrados 15.300 prontuários cadastrados com mais de 150 mil atendimentos desde o primeiro paciente cadastrado. Por ano, o setor atende aproximadamente 1000 pacientes, envolvendo abertura de prontuários, reconsultas orientações e testes rápidos. Na pandemia de Covid 19, só paramos por dois meses. A demanda ficou pequena, mas mantivemos às portas abertas.

O Setor ocupa uma área de aproximadamente 1000 m² com consultórios, salas de pré e pós consultas, sala de espera com TV e vídeo, sala de educação em saúde, farmácia, almoxarifado, laboratório, lavanderia, centro de estudos, biblioteca, auditório, salas de administração, entre outros. Entre as várias atividades do Setor de DST inclui-se educação em saúde sexual e atendimento a portadores/com suspeita de DST.

Serviços que oferece

 – Atendimento de consultas médicas para suspeitas clínicas e epidemiológicas de DST;

– Procedimentos de colposcopia, vulvoscopia, peniscopia (busca de lesões de HPV/precursoras de neoplasia intraepitelial precursoras de câncer).

 – Exerese (retirada) e biópsias de lesões anogenitais para diagnóstico histopatológico.

– Cauterização química ou cirúrgicas de lesões por HPV;

-Testes rápidos com sangue de punção digital para pesquisa de anticorpos para sífilis, hepatite B, hepatite C e HIV;

-Coleta de materiais oral, anogenital e urina para pesquisa de DNA para gonococo e clamídia (ambas bactérias causadoras de DST/IST);

-Orientações gerais na área de DST/IST/HIV;

-Vacinação contra HPV para grupos específicos de pesquisa;

-Distribuição de preservativos masculinos e femininos;

-Distribuição de Kit para autoteste para HIV em saliva.

Em 2024, o setor difundirá as seguintes campanhas e vacinas:

-Dia Nacional de Combate à Sífilis e à Sífilis Congênita, lei 13.430 que foi iniciativa nossa e hoje faz parte do calendário de muitas secretarias de saúde do país e do próprio Ministério da Saúde.

-Vacinação só em pesquisa específica com alunos/jovens homens.

É importante ressaltar que o setor também desempenha todas as atividades de um órgão de uma universidade pública federal: ensino, pesquisa e extensão.

Ensino

-Disciplina Optativa de DST para alunos da área da saúde da UFF, especialmente medicina e enfermagem, que já passaram por disciplinas básicas de microbiologia.  O professor Roberto Salles, do departamento de microbiologia e parasitologia (disciplina de virologia, é importante colaborador.

-O Setor serve de polo de estágio para médicos R1 da residência médica em urologia e infectologia do Hospital Universitário Antônio Pedro/UFF. Pois, no Setor de DST eles podem participar de atendimentos ambulatoriais de uma típica “clínica” de DST/IST.

-Polo de estágio clínico ambulatorial e atividades de extensão/pesquisa para alunos de graduação (medicina e enfermagem) regularmente participantes da Liga Acadêmica de IST da UFF.

– Serve de polo para orientação de alunos do Mestrado Materno-infantil da Faculdade de Medicina da UFF. Atualmente temos cinco alunos regularmente matriculados, todos em fase final de apresentação/defesa de suas dissertações (três na área de sífilis congênita, um na área de HPV/vacinação, um na área de aspectos emocionais e sexuais de parcerias sexuais de homens operados de penectomia por câncer de pênis. Tem,ainda, uma aluna de doutorado.

Pesquisa

– Pesquisa de Treponema pallidum (agente da sífilis) em pacientes atendidos com feridas/úlceras anogenitais. Tese de doutorado de Wilma Arze(médica e docente da Universidade Federal de Integração Latino América, UNILA, Foz do Iguaçu,PR).

– Pesquisa de tipos de HPV em pênis e boca de jovens (especialmente estudantes da UFF) antes e pós vacina contra HPV (quadrivalente 6,11,16,18).

– Pesquisas desenvolvidas com alunos do curso de mestrado Saúde Materno – Infantil (três alunas de Arapiraca, AL, um aluno de Cachoeira de Macacu, RJ e um aluno de Niterói.

– Análise epidemiológica de casos de pacientes atendidos com mpox no Setor de DST UFF.

– Parceria, como um dos pesquisadores, em projeto de pesquisa sobre infecções congênitas com pesquisadores do Instituto Federal Fernandes Figueira, Fiocruz, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

Extensão

– Várias atividades de palestras em eventos médicos e também para população em geral.

– Eventos na área de DST/HIV/Aids. Em 1996 o Setor de DST da UFF criou o DST In Rio, Hotel Glória. Foi o primeiro congresso médico científico sobre o tema no Brasil. Em 2017, trouxemos para o Brasil, pela primeira vez na América Latina, o Congresso Mundial de DST (Othon Barra, Rio de Janeiro). Em 2025, realizaremos, mais uma vez, sob nossa presidência o XV Congresso da Sociedade Brasileira de Doenças Sexualmente Transmissíveis, XI Congresso Brasileiro de Aids, VI Congresso Latino Americano de IST/HIV/AIDS (4-6 de junho de 2025, Expo Mag, Cidade Nova, Rio de Janeiro, RJ).

– Como uma das atividades de profissionais docentes e técnico-administrativos do Setor de DST criamos a Sociedade Brasileira de DST.

– Vários podcast na área de educação em saúde sobre temas de infecções sexualmente transmissíveis, transmissão vertical de sífilis/HIV, câncer de colo uterino, sexualidade e DST, vacinação contra HPV;

– Entrevista no Programa do Jô: https://www.youtube.com/watch?v=JxwIq-6jqSk&t=215s (parte 1) e https://www.youtube.com/watch?v=pG4Q3bAea4Y&t=6s (parte 2)

– Setor de DST/UFF no 1º. de Dezembro de 2011 — DIA MUNDIAL DE LUTA CONTRA AIDS, https://www.youtube.com/watch?v=r5LqjXyvqMY&t=5s

– Canal no YouTube criado por nós: https://www.youtube.com/@SBDSTSociedadeBrasileiradeDST/videos

Em 18.08.2023, conversamos sobre DST/HPV/vacinas com alunos de ensino médio de escolas públicas da Cidade do Rio de Janeiro, em evento no Jardim Botânico, Rio de Janeiro.

– Casa Reviver, Morro do estado, centro, Niterói. (Sra. Karina, coordenadora do projeto)

– Exposição na Associação Médica Fluminense, Icaraí, Niterói: Precisamos falar mais sobre sífilis, sem preconceitos. Vai catálogo anexo.

Recebemos várias turmas de alunos do ensino médio de escolas públicas de Niterói. Ver fotos/catálogo.

– Editoria científica do DST – Jornal Brasileiro de DST (https://www.bjstd.org/revista), criado em 1989 único periódico científico aberto, indexado, sem taxa para publicação.

Primeiro número em 1989: https://www.bjstd.org/revista/issue/view/1

Todos os números estão disponibilizados na internet.

Último volume publicado: https://www.bjstd.org/revista/issue/view/125

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