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Vaquinha de R$ 522 mil para alpinista que resgatou corpo de Juliana Marins é cancelada
A campanha será encerrada e todos os valores doados serão devolvidos automaticamente
A vaquinha online criada para o alpinista Agam, voluntário no resgate do corpo da brasileira Juliana Marins, foi cancelada neste domingo (29). A iniciativa, que havia arrecadado mais de R$ 522 mil, enfrentou uma onda de críticas relacionadas à taxa de administração cobrada pela plataforma.
Segundo comunicado oficial divulgado nas redes sociais, a campanha será encerrada e todos os valores doados serão devolvidos automaticamente a partir desta segunda-feira (30), sem necessidade de ação por parte dos doadores.
Por que a vaquinha de Agam foi encerrada?
A decisão foi tomada após diversas críticas e insatisfação de doadores sobre a taxa de 20% aplicada pela plataforma Voaa. Apesar da taxa estar informada no site desde o início da arrecadação, muitos usuários expressaram desconforto, o que levou os organizadores a recuar.
“Tomamos essa decisão após muitos questionamentos relacionados à nossa taxa administrativa de 20%, que, apesar de comunicada em nosso site desde o início, gerou desconforto em algumas pessoas. Reconhecemos que a comunicação nesta história poderia ter sido mais clara”, afirmaram os responsáveis pela campanha, que era coordenada pelos projetos Razões Para Acreditar e Voaa, especializados em financiamento coletivo.
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De acordo com a nota, a taxa de 20% faz parte de um modelo de operação que, segundo os idealizadores, vai “muito além de simplesmente disponibilizar uma plataforma para arrecadação”.
A devolução do dinheiro será feita nos meios de pagamento originais, de forma automática, respeitando os prazos de cada instituição financeira.
“Informamos que a devolução dos valores será feita diretamente pelos meios de pagamento originais nesta segunda-feira dia 30 de junho, automaticamente, sem necessidade de ações adicionais por parte dos doadores e respeitando os prazos de cada meio.”
Quem é o alpinista Agam?
Agam é um guia experiente da Indonésia que ganhou destaque após se voluntariar no resgate do corpo da brasileira Juliana Marins, no Monte Rinjani. Ele passou a madrugada ao lado do corpo, em um penhasco instável, para impedir que ela escorregasse.
Mesmo ciente do risco de morte, como relatou em uma live, Agam e o colega Tyo participaram da operação de resgate. Durante a missão, enfrentaram queda de pedras, frio extremo e rompimento de cordas. Para se comunicar com os brasileiros, contou com uma intérprete. “Não sei como não morremos naquela noite”, disse ele.
Inicialmente, Agam recusou doações diretas, e disse ter agido por empatia. Seu gesto comoveu o Brasil e atraiu atenção nas redes sociais — hoje, ele soma mais de 1 milhão de seguidores.
O que seria feito com o valor arrecadado?
Segundo Agam, parte do dinheiro seria dividida entre os sete colegas que o acompanharam no resgate. O restante seria destinado a projetos de reflorestamento nas montanhas da Indonésia.
A vaquinha foi criada por brasileiros como forma de agradecimento. A campanha surgiu porque o país não utiliza PIX e Agam não havia disponibilizado conta bancária. A autorização foi dada por ele durante uma live.
O texto da campanha resume o sentimento: “Essa vaquinha é um abraço do Brasil inteiro para um homem que fez o impossível — só para que uma família pudesse se despedir da filha”.
Leia o comunicado da plataforma na íntegra:
“A Voaa nasceu da vontade genuína de transformar histórias reais e necessidades urgentes em solidariedade prática. Ao longo desses anos, nossa missão sempre foi marcada pela transparência absoluta, responsabilidade social e respeito profundo aos nossos beneficiários e doadores.
Sobre a vaquinha destinada ao Agam (o guia que resgatou o corpo da brasileira Juliana Marins no Monte Rinjani), esclarecemos que:
Decidimos pelo cancelamento imediato da campanha, com a devolução integral e automática das doações realizadas até aqui.
Nos últimos dias, a Voaa, o Razões para Acreditar e outras pessoas envolvidas com a história tornaram-se alvo de ataques, ameaças, informações falsas e mensagens de ódio. Reconhecemos com humildade que, neste momento, a discussão em torno da “Vaquinha do Agam” desviou a atenção da essência da campanha e, principalmente, da história que desejávamos apoiar.
Ainda que seja uma decisão difícil, entendemos que o caminho mais transparente neste momento é cancelar a campanha e devolver integralmente as doações em respeito ao Agam e a cada doador.
Tomamos essa decisão após muitos questionamentos relacionados à nossa taxa administrativa de 20%, que, apesar de comunicada em nosso site desde o início, gerou desconforto em algumas pessoas. Reconhecemos que a comunicação nesta história poderia ter sido mais clara.
A taxa de 20% praticada pela Voaa é resultado de um modelo de operação único, que vai muito além de simplesmente disponibilizar uma plataforma para arrecadação.
Diferente de outras soluções do mercado, assumimos integralmente a curadoria, verificação, produção de conteúdo, comunicação estratégica, gestão jurídica e financeira, além do acompanhamento completo até o desfecho de cada campanha.
Essa estrutura é mantida por uma equipe especializada e dedicada, e envolve inúmeros custos fixos. Não se trata apenas de intermediar doações, mas de oferecer um serviço completo, seguro e transparente — que garante que cada história seja verdadeira, bem contada e que o valor arrecadado chegue com responsabilidade a quem realmente precisa.
Informamos que a devolução dos valores será feita diretamente pelos meios de pagamento originais nesta segunda-feira dia 30 de junho, automaticamente, sem necessidade de ações adicionais por parte dos doadores e respeitando os prazos de cada meio.”