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Vaticano rejeita poliamor e destaca que sexo vai além da procriação

Nova nota doutrinal aprovada por Leão XIV reforça exclusividade conjugal, condena relações múltiplas e reconhece o valor unitivo e afetivo da vida sexual

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Foto: Reprodução/Redes sociais (@padremarcelorossi )

Vaticano publicou, nesta terça-feira (25/11), uma nota endossada pelo papa Leão XIV que reafirma a doutrina católica sobre o matrimônio e aprofunda a compreensão da sexualidade. O texto sustenta que o casamento continua sendo compreendido como a união exclusiva entre um homem e uma mulher, mas salienta que a vida sexual dos cônjuges não se restringe à finalidade procriativa.

Sob o título Una caro (“uma só carne”), o documento elaborado pelo Dicastério para a Doutrina da Fé descreve a monogamia como valor central da vida conjugal e define a sexualidade como uma “maravilhosa dádiva de Deus”, vinculada à capacidade de doação mútua. A nota explica que o ato sexual tem um papel unitivo que vai além da concepção de filhos, fortalecendo o vínculo exclusivo entre os esposos e o sentido de pertencimento recíproco.

O texto reforça que, embora a abertura à vida faça parte da caridade conjugal, isso não implica que cada relação sexual deva ter a intenção explícita de gerar descendência. O casamento mantém sua essência mesmo quando não há filhos, e o respeito pelos períodos naturais de infertilidade é considerado legítimo, segundo o documento.

Ao tratar do prazer sexual, o Vaticano alerta para o risco de esvaziamento afetivo quando a intimidade é vivida apenas como satisfação individual, reduzindo o outro a instrumento para desejos imediatos. A nota diz que Deus criou a sexualidade e que integrá-la em um amor que busca o bem do outro não diminui o prazer, mas o enriquece e o fortalece.

A doutrina reafirma ainda que o matrimônio é uma união única e exclusiva entre um homem e uma mulher, entendida como pertencimento recíproco que não admite compartilhamento com terceiros. Esse ponto conduz à crítica tanto da poligamia — tema levantado por bispos africanos — quanto do poliamor, prática em expansão no Ocidente. De acordo com a nota, poligamia, adultério e poliamor se baseiam na “ilusão” de que a intensidade afetiva possa ser conquistada pela sucessão de parceiros, o que dispersaria a unidade do amor.

Ainda são recuperadas passagens de Deus caritas est, de Bento XVI, que descreve o amor conjugal como uma força que abre a liberdade humana ao horizonte da eternidade, e referências à Amoris laetitia, de Francisco, especialmente no capítulo dedicado à caridade conjugal. De Leão XIV, o documento destaca sua mensagem pelo décimo aniversário da canonização de Louis e Zélie Martin, apresentados como modelo de fidelidade, caridade, perseverança e confiança nas provações.

A nota também dialoga com filósofos como Emmanuel Lévinas, para quem a união exclusiva do matrimônio cria um “face a face” não transferível, e com Jacques Maritain, que define o amor como doação irrevogável voltada ao bem do outro e orientada à união com Deus. O texto encerra com um capítulo dedicado à “palavra poética”, reunindo versos de Whitman, Neruda, Montale, Tagore e Dickinson, utilizados para ilustrar o caráter totalizante e indestrutível do vínculo do “nós dois”. Como resume Santo Agostinho: “Dá-me um coração que ama e compreenderá o que digo”.

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