Tecnologia
8 aparelhos eletrônicos comuns que contêm ouro e quase ninguém sabe
Entenda como cientistas estão transformando resíduos em pepitas valiosas.
Grandes volumes de lixo eletrônico gerados atualmente impõem desafios para o meio ambiente e para a economia global. Dispositivos descartados frequentemente contêm metais preciosos, como ouro, prate e paládio, presentes em pequenas quantidades, porém de alto valor. A destinação inadequada desses resíduos representa não apenas um problema ambiental, mas também a perda considerável de recursos valiosos que poderiam ser reaproveitados em novas cadeias produtivas.
A preocupação com esse desperdício cresce à medida que o consumo de tecnologia aumenta ano após ano. Um estudo da União Internacional das Telecomunicações apontou que, em 2021, o planeta produziu cerca de 57,4 milhões de toneladas de resíduos eletrônicos. Esse cenário evidencia a necessidade de métodos inovadores para recuperar metais preciosos e minimizar o impacto ambiental, tornando práticas convencionais de mineração e descarte tecnológico menos viáveis a longo prazo.
Como ocorre a extração de metais preciosos de eletrônicos?
Recente avanço desenvolvido por pesquisadores da ETH Zurich trouxe à tona uma solução inovadora para separar ouro e outros metais de equipamentos eletrônicos. O método se destaca pelo uso de materiais de origem sustentável, aproveitando resíduos alimentícios da indústria de laticínios. Diferentemente de processos tradicionais, que envolvem o uso intensivo de produtos químicos e resultam em riscos à saúde e ao ambiente, essa técnica utiliza spugnas fabricadas com nanofibrilas de proteína para capturar íons metálicos.
Essas esponjas são produzidas a partir de subprodutos do processamento de queijo, especificamente do soro do leite. Após passarem por um processo de desnaturação em condições controladas, essas proteínas adquirem a capacidade de sequestrar os íons de ouro presentes em placas-mãe e outros componentes eletrônicos. O sistema torna-se eficiente porque alia baixo custo, fontes renováveis de matéria-prima e significativa redução do descarte de metais no meio ambiente.
Quais aparelhos eletrônicos guardam ouro em sua composição?
O ouro não está restrito à fabricação de joias ou reservas bancárias; ele faz parte de diversos itens eletrônicos utilizados no dia a dia. Por suas características de condução e resistência à corrosão, esse metal é incorporado em diferentes circuitos internos. Entre os principais aparelhos que costumam conter pequenas quantias de ouro, destacam-se:
- Computadores e laptops
- Televisores e monitores LCD/LED
- Telefones celulares
- Impressoras, scanners e copiadoras
- Leitor de DVD, Blu-ray e outros leitores de mídia
- Forno micro-ondas
- Ar-condicionado
- Câmeras digitais e equipamentos audiovisuais
Esses eletrônicos, quando descartados de forma inadequada, transmitem para o lixo urbano não apenas componentes tóxicos, mas também frações importantes de ouro a 22 quilates, que poderiam ser recicladas.

Quais são as etapas do método sustentável para extrair ouro?
O processo inovador para recuperar ouro de forma sustentável envolve várias fases bem definidas, desde a produção da esponja absorvedora até a conformação do metal em estado puro. Veja, de forma simplificada, as principais etapas:
- Coleta dos resíduos proteicos gerados durante a fabricação do queijo.
- Transformação desses resíduos em nanofibrilas proteicas por meio de desnaturação em ambiente ácido e aquecimento.
- Tratamento das placas-mãe e outros componentes eletrônicos em solução ácida para liberar íons metálicos.
- Imersão das esponjas de nanofibrilas na solução, fazendo com que atraiam e retenham os íons de ouro.
- Aquecimento das esponjas, o que reduz os íons a partículas de ouro metálico puro.
- Fusão dessas partículas até a formação de uma pepita, atingindo pureza de até 91%.
Como resultado, estima-se que cerca de 20 placas-mãe podem render uma pepita de ouro avaliada em aproximadamente 34 mil dólares, revelando potencial não só ambiental, mas também econômico para o reaproveitamento de resíduos eletrônicos.
Por que transformar resíduos eletrônicos em fonte de metais preciosos?
Reduzir a demanda por mineração tradicional e incentivar a economia circular são fatores cada vez mais valorizados em 2025. Processos que reutilizam resíduos já existentes limitam o impacto ambiental gerado pela extração de metais e movimentam o mercado de reciclagem, com benefícios diretos para o meio ambiente e para a geração de empregos.
A iniciativa de reaproveitar ouro e outros elementos preciosos a partir de resíduos de produção alimentícia e eletrônica desafia padrões, abre caminho para parcerias interindustriais e amplia a participação de setores diversos na solução de problemas ambientais. O avanço científico proporciona um modelo que pode ser adaptado em escala global, reforçando o papel central da pesquisa no desenvolvimento de métodos sustentáveis e economicamente viáveis.