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Bolsonaro “chama” Moraes para ser vice-presidente em 2026; siga
Ex-presidente começou a ser ouvido no Supremo Tribunal Federal às 14h30 desta terça (10)O ex-presidente Jair Bolsonaro começou a ser interrogado às 14h30 desta terça-feira (10) no Supremo Tribunal Federal (STF), como parte da ação penal que investiga uma tentativa de golpe de Estado. Ele é um dos oito réus do chamado “núcleo crucial”, grupo apontado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como o centro da articulação golpista.
A sessão é conduzida pelo relator do processo, ministro Alexandre de Moraes, com participação do ministro Luiz Fux e do procurador-geral da República, Paulo Gonet.
Durante o interrogatório, o ex-presidente perguntou para Moraes: “Posso fazer uma brincadeira?”. Ao que o ministro responde: “O senhor que sabe. Eu perguntaria a seus advogados antes”.
“Eu gostaria de convidá-lo para ser meu vice em 2026”, brincou Bolsonaro.
Com bom humor, Moraes respondeu que declinaria a proposta. Veja o momento:
Bolsonaro pede desculpas para Moraes
Ao ser questionado pelo ministro Alexandre de Moraes sobre a afirmação de que ministros do Supremo estariam envolvidos em recebimento de dinheiro durante o período eleitoral, Jair Bolsonaro pediu desculpas e reconheceu que não possuía qualquer indício que sustentasse a acusação.
“Quais eram os indícios que o senhor tinha que nós estaríamos levando U$S 50 milhões, U$S 30 milhões?”, perguntou Moraes.
“Não tem indícios nenhum, senhor ministro. Tanto é que era uma reunião para não ser gravada. Um desabafo, uma retórica que eu usei. Se fosse outros três ocupando teria falado a mesma coisa. Então, me desculpe, não tinha qualquer intenção de acusar de qualquer desvio de conduta”, respondeu Bolsonaro.
Foto: Fellipe Sampaio/STF
Após ser questionado por Alexandre de Moraes se a denúncia contra ele procedia, Bolsonaro respondeu: “Não procede a acusação, Excelência”. Em seguida, ao ser perguntado sobre a desconfiança das urnas, o ex-presidente disse: “A desconfiança das urnas não é algo privativo meu”.
Bolsonaro chama participantes dos atos de 8 de janeiro de “pobres coitados” e nega tentativa de golpe
Jair Bolsonaro (PL) afirmou que nunca discutiu ou cogitou qualquer tentativa de golpe de Estado durante seu governo. Segundo ele, a ideia de um golpe seria “abominável” e jamais foi tratada com os comandantes militares.
“Só tenho uma coisa a afirmar a Vossa Excelência. Da minha parte, ou da parte dos comandantes militares, nunca se falou em golpe. Golpe é uma coisa abominável. O golpe até seria fácil de começar, o after day [dia seguinte] é que seria imprevisível e danoso para todo mundo. O Brasil não poderia passar por uma experiência dessas”, declarou Bolsonaro.
O ex-presidente também comentou sobre os atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023, minimizando o episódio e afirmando que não houve tentativa de golpe, nem mesmo armamento entre os manifestantes.
“Nunca fugi das quatro linhas da Constituição. Golpe? Eu fico até arrepiado quando se fala que o 8 de janeiro foi um golpe. Aquelas 1.500 pessoas, pobres coitados. Que até foi levantado por alguns que me antecederam agora aqui, 100 ônibus chegaram na região do setor militar urbano na madrugada de domingo. E esse pessoal foi embora logo depois da baderna”, afirmou.
“Tem os malucos que ficam com essa ideia de AI-5, de intervenção militar das Forças Armadas… que os chefes das Forças Armadas jamais iam embarcar nessa só porque o pessoal estava pedindo ali”, concluiu.
Acompanhe ao vivo:
O que foi revelado nos depoimentos anteriores?
Na segunda-feira (9), prestaram depoimento o tenente-coronel Mauro Cid, delator e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e o deputado federal Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin. No caso de Ramagem, as investigações foram suspensas quanto aos atos ocorridos após o início de seu mandato parlamentar, em 2023.
No depoimento desta manhã, Garnier negou ter visto qualquer minuta de golpe, mas admitiu ter presenciado uma apresentação em tela. Já Anderson Torres afirmou que o documento encontrado em sua casa foi entregue em seu gabinete e esquecido em uma pasta.