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Mais de 40 venezuelanos são abandonados em rodoviário de Minas Gerais

Grupo de 41 venezuelanos foi deixado na rodoviária após despejo na Bahia, segundo testemunhas

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O grupo ficará abrigado, temporariamente, no ginásio municipal, dormindo em colchões. Foto: Luiz Ribeiro/EM/DA Press

Um grupo de 41 venezuelanos, distribuídos entre sete famílias, incluindo, homens, mulheres crianças, foi abandonado na rodoviária de Montes Claros, no Norte de Minas, na madrugada deste sábado (15/11). De acordo com testemunhas, eles chegaram ao local em um ônibus oriundo da cidade de Itabuna (BA), distante 681 quilômetros de Montes Claros, de onde teriam sido despejadas de casas alugadas, devido à falta de pagamento por parte da prefeitura local.

O abandono do grupo foi registrado em um boletim de ocorrência pela Policia Militar, a pedido da Prefeitura de Montes Claros, que presta assistência aos imigrantes. Na tarde deste sábado, eles foram encaminhados para o Ginásio Municipal Ana Lopes, ao lado do Parque Municipal Milton Prates, no Bairro Major Prates, onde permanecerão temporariamente.

Conforme a prefeitura, o grupo é formado 14 homens e mulheres – das quais, quatro gestantes – e 27 crianças. As famílias foram transportadas do interior da Bahia até Montes Claros, levando seus pertences, dois cachorros e um coelho. Foram usados três ônibus e um pequeno caminhão para levá-los até o ginásio.

A Policia Federal foi chamada à rodoviária de Montes Claros para averiguar a situação legal dos venezuelanos. De acordo com PF, os imigrantes moravam em Itabuna (distante 436 quilômetros de Salvador) há quatro anos, desde que deixaram a Venezuela, fugindo da crise de pobreza no país sob o regime do presidente Nicolás Maduro, no poder há 12 anos.

Uma equipe da Prefeitura de Montes Claros, integrada pelos secretários municipais de Desenvolvimento Social, André Kevin; de Segurança Institucional, Járson Sebástian Hansen; o procurador-geral do município, Danilo Oliveira; juntamente com integrantes da Guarda Municipal, esteve na rodoviária. O objetivo foi avaliar a situação dos venezuelanos abandonados e verificar as medidas a serem adotadas para ajuda humanitária ao grupo.

O secretário Desenvolvimento Social, André Kevin, disse que foi formada uma força-tarefa, com várias secretarias municipais (entre as quais, Defesa Civil, Educação, Saúde e Esportes, Lazer e Juventude), a fim de tomar providências para atender os venezuelanos e discutir qual será o futuro deles. De imediato, além de alimentação, a prefeitura local vai entregar kits de higiene e colchões para as famílias.

Outros órgãos públicos, como o Ministério Público Estadual e a Defensoria Pública, também serão convidados a participar dos trabalhos da força-tarefa. “Na segunda-feira (17/11), teremos uma reunião intersetorial com outras instituições, como o Ministério Público, para colocarmos na mesa de discussão, a fim definir qual o melhor encaminhamento para a situação dos imigrantes”, afirmou Kevin.

Ele disse que, a princípio vai acolher os venezuelanos, temporariamente, no abrigo improvisado no ginásio municipal. Mas ainda não se sabe qual será o caminho dos imigrantes a longo prazo. “Eles têm o direito ir e vir. Podem permanecer aqui ou ir para qualquer outra cidade brasileira ou estrangeira. Vamos tomar as decisões conforme a deliberação e a autonomia deles”, declarou o secretário de Desenvolvimento Social de Montes Claros.

Situação de vulnerabilidade

“Trata-se de uma questão complexa”, destacou André Kevin, lembrando que as famílias de venezuelanos deixadas na cidade “encontram-se em situação de vulnerabilidade”, em extrema pobreza.

Na tarde deste sábado, o prefeito de Montes Claros, Guilherme Guirmães (União), visitou os venezuelanos no Ginásio Ana Lopes, avaliando as condições do local para receber as famílias que fugiram da pobreza do país de origem.

A secretária municipal de Esportes, Lazer e Juventude de Montes Claros, Juliana Peixoto, disse que o Ginásio Ana Lopes não possui estrutura de alojamento. Com isso, os homens, mulheres e crianças vão dormir em colchões na quadra poliesportiva do espaço, que conta com banheiros e vestiários (feminino e masculino).

Sete famílias de venezuelanos abandonadas em Montes Claros recebem apoio emergencial. Foto: Luiz Ribeiro/EM/DA Press

A secretária informou que, devido ao uso do ginásio como alojamento temporário dos venezuelanos, neste fim de semana, foram suspensos os treinamentos de equipes de esporte coletivo especializado da cidade (como futsal e handebol) previstos para o local. Revelou ainda que, na segunda-feira (17/11), vai se reunir com integrantes da força-tarefa constituída para a acolhida aos venezuelanos para definir se será necessária a suspensão de competições previstas para o Ginásio Ana Lopes para os próximos dias.

Previsão de chegada de mais venezuelanos

Por meio de nota, a Prefeitura de Montes Claros informou que, durante a abordagem dos venezuelanos, na rodoviária local, o senhor Amário Mota, ”identificado como cacique e responsável pelo grupo, relatou que as famílias residiam em um imóvel em Itabuna, onde as despesas eram custeadas pela prefeitura local. Contudo, a interrupção dos pagamentos teria resultado no despejo das famílias’’.

Além disso, “o cacique apresentou ainda uma declaração oficial da Prefeitura de Itabuna, contendo o nome do responsável pelo envio, identificado como Francisco Jackson da Fonseca.”

A reportagem não conseguiu contato com a Prefeitura de Itabuna para verificar a veracidade das informações.

A nota informa também que “há ainda previsão de chegada, proveniente de Vitória da Conquista/BA, de mais 14 pessoas na próxima semana, fato que está sendo monitorado pelas autoridades municipais”. As 14 pessoas também seriam naturais da Venezuela.

“A Prefeitura de Montes Claros reforça seu compromisso com a proteção social, a dignidade humana e a atuação responsável diante de situações emergenciais, ao mesmo tempo em que esclarece que não participou, não autorizou e não foi previamente comunicada sobre o transporte e o desembarque dessas famílias”, encerra a nota.

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