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Para Gilmar Mendes, diálogos mostram que procuradores tentaram ganhar dinheiro com a Lava Jato

Segundo o ministro do STF, o Judiciário brasileiro vive a “maior crise” desde a redemocratização

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Segundo o ministro do STF, o Judiciário brasileiro vive a “maior crise” desde a redemocratização
(Foto: Dorivan Marinho/STF)

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes declarou, nesta sexta-feira, que os diálogos divulgados pelo site The Intercept Brasil mostram que procuradores federais tentaram ganhar dinheiro com a Operação Lava Jato: “O próprio corregedor, embora não cumprindo corretamente as suas funções, diz: ‘ vocês estão monetizando, ganhando dinheiro com a Lava Jato’. E isso, obviamente, é vedado”. As declarações do ministro foram feitas antes de ele participar de um evento na Associação dos Advogados de São Paulo (AASP), nesta manhã.

Reportagem do jornal Folha de São Paulo e do site The Intercept Brasil, a partir de um diálogo ocorrido no aplicativo de mensagens Telegram, em 2017, e vazado a partir de hackeamento de celulares, mostra que o então corregedor-geral do Ministério Público Federal, Hindemburgo Chateaubriand Filho, teria criticado informalmente a conduta do procurador da República Deltan Dallagnol por dar palestras remuneradas.

“Está escrito na Constituição. Eu não posso usar a função pública para ganhar dinheiro além do que eu já ganho”, enfatizou Mendes ao analisar a conduta dos procuradores da força-tarefa.

Para o ministro, os problemas na condução da Lava Jato, revelados pelos diálogos publicados, são a “maior crise” vivida pelo Judiciário desde a redemocratização: “Nada é comparável a isso que nós estamos vivendo, porque atinge a Justiça Federal e a Procuradoria-Geral da República na sua substância. São duas instituições de elite do sistema que estão fortemente atingidas por essas revelações”.

Na opinião de Mendes, em alguns momentos, a conduta dos procuradores se aproxima da de organizações criminosas, se referindo a trechos dos diálogos que apontam a tentativa dos procuradores de informalmente investigar ministros do Supremo: “Se nós olharmos a linguagem de determinadas organizações criminosas, nós não conseguimos distinguir quem é o combatente do crime e quem é o partícipe de organização criminosa”.

O papel do atual ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, que atuou como juiz responsável pela Lava Jato na Justiça Federal em Curitiba, também foi mencionado por Mendes. “Juiz não pode ser chefe de força-tarefa”, ressaltou a partir do conteúdo divulgado pelos portais que tiveram acesso às mensagens.

Para Mendes, todas essas suspeitas precisam ser apuradas pelos órgãos competentes: “Em algum momento essas pessoas que se envolveram, acredito, nesses malfeitos terão de prestar contas. Todos nós que integramos uma instituição temos um dever de accountability. Essa gente teria de contar o que eles fizeram de errado para que a gente no futuro possa fazer as possíveis correções”.

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