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Ciência

Vergonha: como lidar com esse sentimento que pode agravar problemas de saúde?

Normalmente, fortes e destemidas, algumas mulheres têm vergonha em falar do problema e demoram a procurar ajuda médica, o que pode ser ainda mais prejudicial à saúde

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O que você sentiria se fizesse xixi na calça involuntariamente? E se apresentasse falta de libido ou um caroço nas mamas ou na vagina? Normalmente, fortes e destemidas, algumas mulheres têm vergonha em falar do problema e demoram a procurar ajuda médica, o que pode ser ainda mais prejudicial à saúde.

É o caso da A., 69 anos, que sofre com um prolapso genital, o que se chama popularmente como ‘bola na vagina’, ou seja, um problema que ocorre com a perda da sustentação dos órgãos do assoalho pélvico. Com vergonha, ela não contou nada a ninguém e só buscou ajuda médica três anos depois. Ao longo deste período, a situação se agravou de tal forma que ela teve a queda total do útero, assim como da bexiga e do reto. Agora, ela precisa de uma cirurgia de maior porte para corrigir o problema.

“Existe ainda muito constrangimento das pacientes quando se trata de doenças uroginecológicas, principalmente quando compromete a parte sexual ou o convívio social, como por exemplo, em situações de incontinências urinárias nas quais a paciente, ao levantar do sofá, deixa uma mancha úmida devido à perda urinária ou, ainda, quando tem que trocar de roupa ou comprar calcinha na rua para se trocar, diante de uma perda de grande volume de urina”, descreve a médica Rubina Lúcia Fassio, chefe do serviço de Uroginecologia do Hospital São Vicente de Paulo (RJ).

A vergonha também adiou os planos de abandonar o cigarro de Suely Perestrelo, 58 anos. Com histórico de câncer na família, ela queria abandonar o hábito que teve por 30 anos e buscou ajuda em vários grupos de apoio para parar de fumar. “Abandonei os grupos de apoio por duas vezes, pois todos conseguiam parar de fumar, menos eu. Morria de vergonha”, diz ela, que deixou de fumar depois de ser sensibilizada por um pedido do pai, também fumante.

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Diretor executivo da Fundação do Câncer, Luiz Augusto Maltoni destaca que atitudes preventivas são fundamentais para evitar um mal maior para a saúde. “O câncer não é uma sentença de morte. Hoje os tratamentos e a sobrevida evoluíram muito. Além disso, é óbvio que ninguém quer receber um diagnóstico ruim. Mas quanto mais precoce ele for, maiores são as chances de sucesso e menos danosos e agressivos os tratamentos”, pondera o médico. “Há pessoas que sofrem do que chamamos de ‘síndrome do jaleco branco’. Que é medo de ir ao médico e receio sobre o que ele pode informar. Mas esse mito precisa cair. Cuidar da saúde só traz o bem.”

Luiz Augusto Maltoni (Divulgação)

Maria Leny da Silva, 71 anos, é a prova disso. Ela procurou ajuda médica depois de uma pancada no seio que gerou incômodo. O que ela não esperava era que o motivo que a levou ao médico, revelasse um problema de saúde que não havia sido provocado pela tal batida: o câncer de mama. O diagnóstico precoce da doença foi fundamental para salvar sua vida. Leny hoje dá palestras, canta e participa do projeto Ciranda da Vida, na Bahia, onde mora. “Senti um medo quando soube que precisaria operar. Não queria mais ouvir falar no assunto. Pensei: como vou perder minha mama?”, conta. Superando o medo e reconstruídas a vida e a saúde, Leny aproveita para alertar e apoiar outras pessoas: “Não temam! O diagnóstico é sua chance de se tratar, viver e superar, como eu superei “.

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