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Ciência e Saúde

Você bebe água “pura”? A resposta dos cientistas pode te surpreender

A água mineral é mesmo pura como dizem?

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Você bebe água “pura”? A resposta dos cientistas pode te surpreender
Água (Créditos: depositphotos.com / VadimVasenin)

A água é um elemento essencial para a vida, mas o conceito de pureza relacionado a ela desperta curiosidade e até controvérsias. Em supermercados, garrafas de água destacam a expressão “água pura”, criando no consumidor a expectativa de estar diante de um produto especial e livre de qualquer impureza. Esse conceito, no entanto, não encontra respaldo na realidade da composição química da água no planeta Terra.

Diversas empresas lucram com a comercialização de produtos apresentados como “puros”, impulsionadas por campanhas de marketing que associam qualidade de vida, saúde e pureza às suas marcas. Paralelamente, setores de medicina alternativa atribuem propriedades quase mágicas à água isenta de substâncias extras. Mas especialistas alertam: alcançar água 100% pura é algo praticamente impossível fora de condições laboratoriais extremamente rigorosas.

Por que é difícil obter água realmente pura?

O comportamento químico da H2O explica por que a pureza absoluta é inalcançável em situações comuns. As moléculas de água possuem estrutura polar, o que significa que estão sempre prontas para interagir com outras substâncias. Quando entre em contato com superfícies, gases do ar ou recipientes, a água absorve pequenas quantidades de íons, minerais e outros elementos presentes no ambiente. Isso ocorre naturalmente mesmo em laboratórios altamente controlados.

Em ambientes de pesquisa, a chamada água ultrapura é classificada em diferentes níveis, justamente por causa dessa tendência à contaminação inevitável. A pureza química mais elevada, conhecida como tipo I, é empregada em experimentos científicos sensíveis. Já o consumo humano cotidiano utiliza águas tratadas para assegurar a ausência de agentes patogênicos, mas essas ainda contêm minerais e outras substâncias dissolvidas, fundamentais para o equilíbrio do organismo.

O que bebemos, afinal, ao consumir água mineral?

Quando alguém opta por uma garrafa de água mineral, o rótulo geralmente destaca o “nível de pureza”, mas o líquido não é livre de todas as substâncias. As águas minerais são provenientes de fontes naturais, com composição própria de minerais como cálcio, potássio e magnésio, responsáveis pelas características de sabor e benefícios à saúde. Já as águas purificadas passam por processos de filtragem, mas ainda assim podem conter pequenas quantidades de sais minerais e traços de outros elementos.

De acordo com normas de qualidade, tanto a água mineral quanto a água tratada distribuída por concessionárias devem atender critérios para microbiologia, turbidez e teor máximo de elementos químicos. Embora diversas marcas promovam a ideia de pureza como diferencial, o conteúdo dessas garrafas não se diferencia substancialmente da água potável que chega às nossas casas, especialmente em centros urbanos bem atendidos por vigilância sanitária.

Você bebe água “pura”? A resposta dos cientistas pode te surpreender
Garrafa (Créditos: depositphotos.com / AntonMatyukha)

Da torneira ou engarrafada: qual é a melhor escolha?

É comum pensar que a a engarrafada seja superior em termos de qualidade, mas dados mostram que, em muitos países, a água da torneira passa por controles de segurança mais rigorosos e é monitorada com maior frequência. Isso garante um fornecimento seguro e confiável para a população. O consumo de água engarrafada, em boa parte das vezes, decorre mais de fatores culturais, preferências de sabor ou influências do marketing do que por diferenças reais de qualidade.

  • Custo: O valor do litro da água engarrafada pode ser centenas de vezes maior que o da água de torneira.
  • Sustentabilidade: A produção, transporte e descarte de embalagens plásticas geram impactos ambientais significativos.
  • Segurança: Águas tratadas no sistema público recebem monitoramento constante, reduzindo a chance de contaminações não percebidas.

Como a indústria da água mineral impacta o meio ambiente?

O crescimento no consumo de água engarrafada reflete diretamente em desafios ambientais. Milhões de embalagens plásticas são descartadas todos os dias, muitas vezes sem reciclagem adequada, contribuindo para a poluição de solos, rios e oceanos. A fabricação dessas garrafas demanda grandes volumes de água e energia, multiplicando o impacto ambiental. Segundo organismos internacionais, para cada litro de água engarrafada produzido, consome-se ainda mais água no próprio processo de produção, além de recursos não renováveis necessários para o plástico.

  1. Elevado uso de recursos naturais para a produção de embalagens.
  2. Descarte inadequado de plásticos que compromete ecossistemas por séculos.
  3. Transporte intensivo, que aumenta emissões de gases de efeito estufa.

Diante desses fatores, a escolha entre água mineral e água de torneira envolve não apenas questões de saúde, mas também reflexões sobre economia e meio ambiente. A ideia difundida de “água pura” revela-se, muitas vezes, um conceito mais comercial do que científico. É recomendável analisar a qualidade da água disponível na região e buscar praticidade e sustentabilidade no dia a dia.