Educação
Ranking das melhores escolas do Enem reflete impacto da pandemia e EAD nos alunos de todo país
Primeiro passo foi o investimento em tecnologia de alta qualidade educacional como o Sistema Verificação de Aprendizado, que é uma plataforma baseada num modelo de avaliação por nota real
A performance das instituições de ensino no Enem funciona como métrica para os pais de todo país escolherem as melhores escolas da sua região. Entretanto, os resultados do exame em 2020 mostraram que a fórmula focada apenas na força acadêmica não faz sentido. No ápice da pandemia, as unidades de ensino que apostaram em tecnologias para além do EAD tradicional e em ações integrativas entre a escola e a família, conseguiram ascender mais de 140 posições e entrar no top na lista das 40 melhores unidades de ensino.
No Rio de Janeiro, o Colégio Santa Mônica, um dos mais tradicionais da zona norte – e que também conta com unidades na zona oeste da cidade e em São Gonçalo, cidade pertencente à Baixada Fluminense – no alto dos seus 86 anos de história apostou em uma estratégia de avaliações e de estímulo ao hábito de estudo dos alunos para além das aulas online, o que o rendeu no Enem de 2020 subir 144 posições no ranking das melhores escolas do Estado ocupando a 39ª posição, com a unidade de Bonsucesso, seguida pela da Taquara, em 50ª, São Gonçalo, 71ª, e Cachambi, 86ª, respectivamente.
Esta metodologia de ensino rendeu a aprovação dos alunos das suas quatro unidades para cursos concorridos como Medicina, Odontologia, Engenharia, Direito e Jornalismo. Entre eles está Gabriel Soares, que no Enem de 2020 foi aprovado em Medicina na Universidade Federal do Rio de Janeiro. “Não é um curso fácil de ser aprovado e exige muita dedicação. Mas, eu tive todo apoio do colégio, desde o planejamento dos estudos até o suporte emocional da coordenação, que foi um grande diferencial na jornada de estudos”, explica o ex-aluno que tem mais dois irmãos estudando na instituição de ensino.
Repensando a relação com a escola
Criar uma cultura de estudo orientada na criação de bons hábitos para a construção do conhecimento ao invés da decoreba. Essa política foi o pontapé inicial para as mudanças que o Colégio Santa Mônica implementou.
O primeiro passo foi o investimento em tecnologia de alta qualidade educacional como o Sistema Verificação de Aprendizado, que é uma plataforma baseada num modelo de avaliação por nota real. Para isso, ela conta com acompanhamento e auditoria pedagógica, e um sistema anti-copy que verifica se o estudante realmente fez o seu exercício, estimulando assim seu compromisso com seu desenvolvimento acadêmico.
“Durante a pandemia, quando as aulas migraram para o online, nós conseguimos, em tempo recorde, implementar uma infraestrutura digital. A partir daí, o desafio passou a ser a manutenção do foco dos estudantes nas aulas e na entrega dos deveres. O fato de termos optado por valorizar a produção manuscrita foi o nosso grande diferencial, com a entrega das tarefas e avaliações, sempre discursivas, nos seus cadernos, que eram fotografadas com seus celulares e enviadas pela plataforma de verificação da aprendizagem, o nosso Sistema Verificação de Aprendizado. Esta estratégia teve tanto sucesso que foi mantida para os alunos do fundamental 2 e ensino médio quando retornamos para as aulas presenciais”, Felipe Souza, que atua há 27 anos no Colégio Santa Mônica e hoje ocupa o cargo de Superintendente.
Família no centro do processo
A escola é o primeiro ambiente onde a criança entra em contato com ideias e formas de ver o mundo diferentes e, por isso, é importante a família participar desses encontros para acompanhar o desenvolvimento por meio dessa ótica. E os pais estão atentos a isso, tanto que a pesquisa ‘A Educação na Perspectiva dos Estudantes e suas Famílias’, identificou que 8 em cada 10 alunos estão matriculados em escolas que realizam reuniões ou assembleias para que as famílias conheçam, debatam e possam contribuir com as propostas e decisões da escola.
O antídoto encontrado pelo Colégio Santa Mônica foi colocar a escola ainda mais próxima dos responsáveis. “O fundamental aqui é valorizar a confiança que as famílias depositam no Colégio, fruto da nossa tradição de proximidade, abertura à crítica, e atendimento personalizado e rápido da nossa equipe”, explica o superintendente Felipe Souza.
Resquícios da pandemia nos próximos resultados do Enem
O olho do furacão pandêmico passou, mas os seus impactos ainda reverberam. Segundo pesquisa realizada pelo Instituto Ayrton Senna em parceria com a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, o isolamento social impactou na condição sociopsicológica da maioria dos estudantes.
A pesquisa ouviu 642 mil estudantes em todo o estado de São Paulo, do 5º ano do ensino fundamental ao 3º ano do ensino médio, e identificou que 70% dos estudantes relataram quadros de depressão ou ansiedade quando foram consultados a partir do retorno ao ensino presencial. Além disso, 33% disseram ter, até hoje, dificuldades de concentração sobre o que é transmitido em sala de aula; outros 18,8% disseram se sentir “totalmente esgotados e sob pressão”; 18,1% disseram “perder totalmente o sono devido às preocupações” e 13,6% relataram “a perda da confiança em si mesmo”. Além disso, 1/3 dos alunos se autoqualificou como “pouquíssimo focados”.
Para combater esse quadro, o Colégio Santa Mônica investiu em esporte e atividades de socialização, com uma série de atividades extras classes, com ênfase nas atividades esportivas, sendo as unidades do Colégio Santa Mônica detentoras dos maiores pólos desportivos nos quatro bairros que está presente. “As escolas modernas, em especial as nórdicas, já entenderam que um garoto que está olhando para uma cesta de basquete, batendo uma bola, se livrando do marcador e administrando os gritos da torcida, está utilizando a mesma cognição quando for sentar na cadeira para resolver uma equação matemática. Isso acontece porque nosso corpo é único, integrado, e é por ele que vivemos nossas experiências políticas, sociais e afetivas. E no Colégio Santa Mônica acreditamos nisso, e implementamos essa metodologia em nossa política pedagógica que conta com uma infraestrutura desportiva para colocá-la em prática”, explica Bruno Castro, doutor em Educação Física e coordenador do Programa Esportivo e Cultural do Colégio Santa Mônica.