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A mudança brusca de temperatura no começo da chuva revela algo curioso do ar
Uma mudança rápida acontece no ar bem no início da chuva, e poucos percebem
A cena é comum em muitas regiões do Brasil: o dia está muito quente, o ar parece parado e, de repente, as nuvens se fecham e começa a chover. Em poucos minutos, a sensação térmica muda e a temperatura cai de forma perceptível, o que desperta curiosidade sobre os processos físicos na atmosfera que provocam essa mudança tão rápida e influenciam diretamente o conforto térmico no dia a dia.
Por que a temperatura cai depois que começa a chover
A principal razão para a queda de temperatura logo após o começo da chuva está ligada à interação entre o ar quente próximo ao solo e as gotas de água que descem da nuvem. Em dias muito quentes, o ar perto da superfície costuma estar seco ou moderadamente úmido, favorecendo a troca de calor entre o ar e as gotas.
Quando a chuva se forma em níveis mais altos da atmosfera, as gotas podem estar mais frias do que o ar ambiente. Ao atravessarem essa camada de ar quente, elas absorvem calor para se aquecer e, em alguns casos, parte da água até evapora antes de chegar ao chão, num processo chamado de resfriamento evaporativo, que reduz a temperatura do ar ao redor.

Como o ar e as nuvens colaboram para o resfriamento
Dentro de uma nuvem de chuva, o ar está em constante movimento, com correntes ascendentes que levam ar quente e úmido para cima e correntes descendentes que devolvem ar mais frio para baixo. Quando a nuvem fica carregada de gotas, o peso da água e as mudanças internas de temperatura favorecem correntes descendentes mais intensas, que se espalham ao atingir o solo.
Essas correntes trazem não apenas gotas de chuva, mas também ar mais frio das camadas médias da atmosfera, formando a rajada mais fresca sentida pouco antes ou logo no início da chuva. Em episódios de chuva forte, esse mecanismo é ainda mais evidente, porque o contraste entre o ar quente da superfície e o ar mais frio que desce da nuvem é maior.
- Ar quente sobe, levando umidade para formar nuvens;
- Dentro da nuvem, o ar resfria e a água condensa em gotas;
- As gotas crescem e começam a cair, arrastando ar mais frio para baixo;
- Parte da chuva evapora no caminho, retirando calor do ar;
- O ar mais frio se espalha ao nível do solo, reduzindo a temperatura.
Por que o resfriamento ocorre mesmo em dias muito quentes
Em dias de calor intenso, a diferença entre a temperatura perto do solo e a temperatura nas camadas mais altas da atmosfera pode ser grande. Mesmo que o ar em altitude não esteja gelado, ele costuma ser mais frio do que o ar em contato com o asfalto, telhados e superfícies aquecidas, gerando uma espécie de redistribuição de calor quando a chuva começa.
Outro fator importante é o chamado calor armazenado em superfícies urbanas, como ruas, prédios e muros, que absorvem energia solar ao longo do dia e aquecem o ar ao redor. Quando a chuva cai sobre essas superfícies, parte do calor é usada para aquecer e evaporar a água, ajudando a reduzir a temperatura do solo e do ar próximo, efeito que é mais moderado em áreas com vegetação.
Quais fatores influenciam na intensidade da queda de temperatura
A intensidade da queda de temperatura depois que começa a chover varia bastante de um lugar para outro e de um evento de chuva para outro. Em alguns casos, a diferença é de apenas 1 ou 2 graus Celsius; em outros, pode superar facilmente os 5 graus em poucos minutos, dependendo de condições locais e atmosféricas.
Essa variação está ligada a um conjunto de elementos que atuam simultaneamente, como a umidade, a força da chuva, a altura das nuvens e as características da superfície. A seguir, alguns dos principais fatores que ajudam a explicar por que certas pancadas são bem mais refrescantes do que outras:
- Umidade do ar antes da chuva: se o ar está muito seco, há mais espaço para a evaporação das gotas em queda, ampliando o resfriamento.
- Intensidade da chuva: pancadas fortes tendem a trazer mais ar frio de cima e provocar quedas mais bruscas de temperatura.
- Altura da base da nuvem: quanto maior a distância percorrida pelas gotas em ar quente, maior o potencial de resfriamento por evaporação.
- Hora do dia: no meio da tarde, quando o aquecimento do solo é máximo, o contraste térmico costuma ser maior.
- Tipo de superfície: regiões urbanas pavimentadas aquecem mais que áreas verdes, o que altera a forma como o ar resfria com a chuva.
No vídeo abaixo, o @climatempo fala do fenômeno que deixa o ambiente de chuva:
Como a queda de temperatura afeta a sensação de frio
Em muitas situações, a sensação de frio após o início da chuva não está ligada apenas ao termômetro, mas também à forma como o corpo humano perde calor. O vento que acompanha as pancadas, somado à pele molhada ou à roupa úmida, aumenta a perda de calor por condução e evaporação, fazendo a sensação térmica cair ainda mais.
Essa combinação de chuva, vento e redução de temperatura cria um ambiente bem diferente daquele que existia poucos minutos antes, motivo pelo qual as “chuvas de verão” são vistas como um grande alívio para o calor. Mesmo quando os valores medidos ainda são relativamente altos, a queda rápida, o aumento da umidade e a mudança nos ventos mostram como a chuva é um dos mecanismos naturais mais eficientes para regular o calor acumulado na superfície em dias muito quentes.