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Bienal do Livro

Bienal do Livro: Público comenta ordem de Crivella para retirar livro dos ‘Vingadores’

De acordo com o prefeito, a obra traria "conteúdo sexual para menores”, ao retratar beijo gay

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A reportagem do Tupi.FM ouviu pessoas presentes na Bienal do Livro esta sexta, para saber a opinião delas mediante ao caso
(Foto: Diogo Sampaio/Tupi.FM)

O prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (PRB), exigiu, na última quinta-feira, que editoras retirassem de exposição, em seus stands na XIX Bienal Internacional do Livro Rio, a obra “Vingadores – A Cruzada Das Crianças”. A história em quadrinhos teria recebido a ordem de ser retirada por “trazer conteúdo sexual para menores”, ao mostrar um beijo entre dois homens.

Nesta sexta-feira, a Prefeitura do Rio enviou 12 funcionários da Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop) até o Riocentro, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do município, para identificar e lacrar livros considerados “impróprios”. A reportagem do Tupi.FM ouviu pessoas presentes na Bienal do Livro esta sexta, para saber a opinião delas mediante ao caso. O estudante Miguel Neri, de 18 anos, morador de Rio das Ostras, na Região dos Lagos do estado, classificou a decisão de Crivella como “totalitária”.

“Creio que todo processo de edição e lançamento de um livro também tem o processo de verificação do material deste livro, até por isso existe classificação indicativa de idade nas obras. Se houve a classificação, é de se imaginar que houve um profissional legal que foi lá, verificou o livro e deu a recomendação de faixa etária para ele. Portanto, dentro da lei, tudo estava nos conformes. Ou seja, essa atitude é completamente improcedente. Particularmente, acredito que é uma forma de censura, muito ligada a uma forma de totalitarismo, que nos últimos anos vem se instaurado na sociedade. Algo que sempre existiu na nossa história, mas que vem se fortificando”, opinou Miguel.

Mãe de uma menina de seis anos, a administradora Camila Felício, de 37 anos, classificou a atitude como um exemplo de intolerância. “Estamos em uma sociedade que a gente não pode mais permitir esse tipo de veto. Eu tenho uma filha de seis anos que precisa aprender o que é liberdade e respeitar as escolhas de cada um, independente de quais sejam. A gente precisa, no mínimo, de respeito para ter uma boa convivência com tudo e com todos. Censurar uma coisa dessas é falta de respeito com as diferenças, um absurdo”, afirmou.

Posicionamento este compartilhado pelo também estudante João Batista, de 17 anos, morador de Rio das Pedras: “O que está ali, existe na realidade. A criança vai ver dois homossexuais andando na rua, não dá para censurar isso. Isso é basicamente preconceito, as pessoas não querem aceitar essa realidade. Censurar uma coisa que está no cotidiano e passou para um livro é um absurdo, não tem sentido fazer isso”.

Procurada pela reportagem do Tupi.FM, uma das editoras fiscalizadas, a Companhia das Letras enviou um comunicado oficial em que declara “repúdio a todo e qualquer ato de censura” e alega ser “à favor da liberdade de expressão”.

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