Entretenimento
Mundo do samba se despede de Arlindo Cruz em velório no Império Serrano
Velório aberto reúne familiares, fãs e artistas para homenagear o cantor e compositor, morto aos 66 anos
O mundo do samba se despede de Arlindo Cruz, lenda e ícone da música brasileira, que morreu neste sábado (9), aos 66 anos, vítima de falência múltipla dos órgãos. O velório acontece na quadra da Escola de Samba Império Serrano, em Madureira, Zona Norte do Rio de Janeiro, reunindo familiares, amigos, fãs e personalidades da cultura e da política.
Entre as homenagens, a bandeira do Flamengo, time de coração do artista, foi colocada sobre o caixão. O evento segue até as 10h deste domingo (10) e está sendo marcado por momentos de emoção e música.

Velório no formato gurufim
O velório acontece no formato gurufim, tradição de velórios festivos trazida ao Brasil por africanos escravizados, com batuques de atabaques, cantos de candomblé e apresentação da bateria da escola.
Milhares de coroas de flores foram enviadas, entre elas de autoridades como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governador Cláudio Castro.
Depoimentos emocionados
O filho do cantor, Arlindinho, destacou a força e a generosidade do pai: “Meu pai sempre foi muito forte, lutou até o fim. Agora descansou, depois de tanto sofrimento. Se eu pudesse resumir ele em uma palavra: maravilhoso.”
A apresentadora Regina Casé, que trabalhou com Arlindo no programa Esquenta, exaltou o talento do músico: “Ele é um oceano de canções. Um compositor, músico e cantor do tamanho dos maiores. Um gênio que merecia mais reconhecimento.”
“É um dia de emoção para a gente, de tristeza sim, mas por outro lado foi uma libertação, porque o Arlindo vinha sofrendo muito e todos nós sofrendo junto com ele e esse desfecho de alguma forma nos liberta e leva o Arlindo para um outro patamar, para um outro plano, que é o plano dos grandes sambistas, desse paraíso onde ficam os grandes. O Império Serrano deve muito ao Arlindo, né? O Arlindo ganhou aqui 12 sambas enredo, um na década de 80 ainda, quando ele chegou na escola, já em 89 ele ganhou o primeiro samba. Depois, na década de 90, ele foi campeão quatro vezes. Na primeira década do século 21, ele foi campeão também quatro vezes. E nos anos de 2010, mais três campeonatos”, disse a historiadora Raquel Valença.
“Arlindo Cruz é fenomenal, ele vai continuar na história porque é insubstituível. Na verdade, ele representa todos nós e agora vai fazer lá o pagode dele no céu. Mas aqui, ele nos representou tão bem que até a canção que ele fez, Madureira, lembra da nossa região. Arlindo Cruz sempre foi imperiano de fé. E nós temos orgulho de estarmos hoje levando para ele a última homenagem, mas orando por ele, porque eu tenho certeza que ele descansou”, disse o Deputado Estadual Dionísio Lins.