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Nomeação de papa Leão 14 reacende teorias sobre o “fim dos tempos”
Escolha de Leão 14 vira alvo de conspirações que conectam nome e número ao “anticristo” descrito na Bíblia
A eleição do norte-americano Robert Francis Prevost como novo papa, agora conhecido como Leão XIV, desencadeou uma onda de especulações e teorias apocalípticas nas redes sociais. Entre as mais citadas está a ligação entre o nome do novo pontífice e o capítulo 13 do livro do Apocalipse, o último do Novo Testamento.
Usuários no X (antigo Twitter) chegaram a afirmar que a “profecia de Apocalipse 13 está se cumprindo”, fazendo referência ao trecho bíblico que descreve a ascensão de duas bestas apocalípticas, associadas por alguns à figura do anticristo e a um falso profeta.
O que realmente diz o capítulo 13 do Apocalipse?
O texto, escrito por João no século 1, descreve duas criaturas simbólicas: uma que emerge do mar, com aparência de leopardo, urso e leão, e outra que sai da terra, com poderes religiosos. É também nesse trecho que aparece a famosa referência ao número 666, conhecido como “o número da besta”.
“E a besta que vi era semelhante ao leopardo, e os seus pés como os de urso, e a sua boca como a boca de leão; e o dragão deu-lhe o seu poder, e o seu trono, e grande poderio” — Apocalipse 13:2.
Por que essas teorias ligam o novo papa ao Apocalipse?

Na visão de conspiracionistas, a escolha do nome “Leão XIV” se conecta com a descrição da “boca de leão” no texto bíblico e ao número 13, coincidentemente o último papa com esse nome foi Leão XIII — mesmo número do capítulo apocalíptico.
Além disso, o fato de Prevost ser o primeiro papa nascido nos Estados Unidos, país muitas vezes retratado como um poder dominante em obras apocalípticas como Deixados para Trás, reforçou a narrativa conspiratória.
Qual o real significado do Apocalipse 13, segundo estudiosos?
De acordo com o pastor e doutor em ciências da religião Kenner Terra, doutor em ciências da religião pela Universidade Metodista de São Paulo, em entrevista ao G1, o trecho não fala literalmente sobre o fim do mundo, mas é uma crítica velada ao imperador romano Nero, escrita por João em linguagem simbólica para escapar da censura. Ele usou imagens do livro de Daniel, do Antigo Testamento, para representar regimes opressores e violentos.
“No Apocalipse 13, o visionário que chama-se João faz uma crítica a um imperador romano. Como ele faz essa crítica? Ele vai usar as imagens do seu tempo. E tem um livro chamado Daniel, do Antigo Testamento. E o livro de Daniel, em um determinado momento, ele fala de quatro monstros. Quatro feras. Leopardo, leão, águia, urso, entende?“, explicou Kenner ao G1.
