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Por que o ar fica com cheiro diferente antes de tempestades fortes e deixa o ambiente com sensação de mudança
O cheiro surge quando o vento levanta partículas do solo antes da chuva
Antes de tempestades fortes, muitas pessoas percebem que o ar ganha um cheiro diferente, às vezes descrito como “cheiro de chuva”, “cheiro metálico” ou até um odor mais terroso. Essa mudança não está ligada a um único fator, mas ao conjunto de processos físicos e químicos que acontecem na atmosfera e no solo quando uma tempestade se aproxima, especialmente depois de um longo período de tempo seco.
Por que o ar muda de cheiro antes de uma tempestade
A principal explicação para o cheiro diferente no ar antes de tempestades está ligada à eletricidade da atmosfera, aos compostos liberados pelas plantas e ao contato da chuva com o solo seco. Quando nuvens de tempestade se formam, a atmosfera fica eletricamente carregada e descargas podem gerar pequenas quantidades de ozônio, gás com odor marcante e levemente metálico.
Ao mesmo tempo, ventos mais fortes e mudanças na pressão do ar deslocam partículas de poeira, poluição e compostos orgânicos que estavam parados perto do chão. Esses elementos sobem, misturam-se ao ar mais úmido e são transportados até o nariz, criando a sensação de que o ambiente está “diferente” mesmo antes de a chuva começar.

O que é o petrichor e qual é o seu papel no cheiro de chuva
Entre as explicações mais conhecidas está o petrichor, termo usado para descrever o cheiro característico de chuva em solo seco. Esse odor começa a ser liberado pouco antes da tempestade, quando o ar já está úmido e as primeiras gotas atingem o chão, acionando substâncias acumuladas durante a seca.
O petrichor resulta da combinação de óleos liberados por plantas com compostos produzidos por micro-organismos do solo, especialmente actinobactérias que geram geosmina, de cheiro terroso marcante. O aumento da umidade faz pequenas bolhas de ar explodirem na superfície, lançando gotículas carregadas de geosmina que o vento espalha e o olfato humano detecta em quantidades mínimas.
Como o ozônio influencia o cheiro do ar antes da tempestade
O ozônio também contribui para a mudança de cheiro do ar antes de chuvas intensas. Em tempestades, campos elétricos fortes nas nuvens quebram moléculas de oxigênio (O₂), gerando oxigênio atômico que se combina e forma ozônio (O₃), gás associado a um ar “eletrificado” ou “frio”.
Correntes de ar podem trazer ozônio das camadas mais altas da atmosfera para perto do solo, onde ele se mistura ao petrichor, à vegetação molhada e às partículas em suspensão. Em áreas industrializadas, compostos de emissões de veículos e indústrias entram nessa mistura, alterando a percepção olfativa do “cheiro de tempestade”.
Esse vídeo do Fercavs explica por que o ar ganha aquele cheiro diferente antes de uma tempestade forte:
@fercavs De onde vem o cheiro de chuva?
♬ Serenade #13 In G, K 525, "Eine Kleine Nachtmusik" – 1. Allegro – Mozart
Quais fatores tornam o cheiro do ar mais forte antes da chuva
Nem toda tempestade produz o mesmo tipo de odor no ambiente, pois características locais reforçam ou suavizam o cheiro de chuva. A interação entre solo, vegetação, poluição, vento e umidade cria combinações únicas de aromas antes de cada temporal.
Entre os principais fatores que modulam a intensidade e a qualidade desse cheiro, destacam-se características naturais do ambiente e condições atmosféricas específicas:
- Tipo de solo: terrenos argilosos e ricos em matéria orgânica liberam mais geosmina e intensificam o petrichor.
- Presença de vegetação: áreas com muitas plantas emitem óleos e compostos voláteis que se somam ao ar úmido.
- Período de seca: quanto mais tempo sem chuva, maior o acúmulo de substâncias prontas para serem liberadas.
- Vento e umidade: ventos moderados e umidade crescente ajudam a espalhar os aromas antes da tempestade.
- Ambiente urbano ou rural: cidades adicionam cheiros de asfalto e poluentes, enquanto áreas rurais destacam terra e plantas.
Como o corpo humano percebe o cheiro de tempestade se aproximando
O olfato humano é muito sensível a algumas das substâncias envolvidas nesse processo, como a geosmina, detectada em concentrações extremamente baixas. Ao longo da vida, o cérebro aprende a associar esses aromas específicos à chegada de chuva forte, transformando-os em um “aviso” atmosférico.
O “cheiro de tempestade” é, portanto, uma soma de elementos como petrichor, ozônio, compostos da vegetação, partículas de poluição e características locais. Essa combinação funciona como um sinal sensorial de que o tempo está mudando e que uma chuva intensa se aproxima, perceptível apenas ao respirar o ar ao redor.