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Multidão desafia ameaça de prisão e marcha por direitos LGBTQIA+ na Hungria
Mesmo com proibição e ameaça de prisão, ato reuniu milhares em Budapeste contra governo húngaro e repressão a minorias
Dezenas de milhares de manifestantes marcharam neste sábado (28) pelas ruas de Budapeste, desafiando uma proibição oficial imposta pelo governo da Hungria. A mobilização, inicialmente planejada como uma marcha pelos direitos LGBT+, se transformou em um protesto em massa contra o governo de Viktor Orbán.
Por que a marcha foi proibida e mesmo assim realizada?
Apesar da ameaça de prisão para organizadores e participantes, a multidão se concentrou em uma praça próxima à prefeitura e seguiu pelas ruas da capital, muitos com bandeiras do arco-íris e cartazes com críticas ao primeiro-ministro. Pequenos grupos de extrema direita tentaram interromper a marcha, mas foram contidos pela polícia, que alterou o trajeto para evitar confrontos.
Desde 2010, o governo nacionalista de Orbán vem restringindo os direitos da comunidade LGBT+, e em março deste ano, o parlamento aprovou uma lei que permite à polícia proibir eventos como a Parada do Orgulho, sob o argumento de proteção às crianças.
Nas redes sociais, internautas repercutem o evento:
Quem apoiou o protesto e quais foram as reações?
Mais de 30 embaixadas expressaram apoio à manifestação, incluindo uma declaração da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, pedindo que o governo húngaro respeite o direito à livre reunião. Cerca de 70 grupos da sociedade civil assinaram uma carta denunciando a nova lei como uma tentativa de intimidar a sociedade.
O prefeito de Budapeste, Gergely Karacsony, tentou driblar a proibição, classificando a marcha como evento municipal, mas a polícia rejeitou a manobra e manteve a restrição. Ainda assim, o evento ocorreu, mesmo sob ameaça de prisão de até um ano e uso de câmeras de reconhecimento facial para identificar os participantes.
A marcha impacta o cenário político da Hungria?
Segundo analistas, o governo Orbán tenta usar o tema para mobilizar sua base eleitoral, diante do crescimento do partido opositor Tisza, liderado por Peter Magyar, que aparece com 15 pontos à frente do Fidesz em pesquisas recentes.
Embora o Tisza evite se posicionar claramente sobre direitos LGBT+, o partido afirmou que os participantes mereciam proteção do Estado. Magyar, no entanto, não compareceu ao protesto.