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Gravações de ex-cunhada de Bolsonaro apontam envolvimento direto do presidente em ‘rachadinhas’

Áudios foram divulgados nesta segunda-feira (05) em reportagem do portal de notícias "Uol"

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Presidente Jair Bolsonaro dando entrevista sobre o caso do motorista preso na Rússia
(Foto: Talita Giudice/Super Rádio Tupi)
Presidente Jair Bolsonaro dando entrevista sobre o caso do motorista preso na Rússia

Áudios foram divulgados nesta segunda-feira (05) em reportagem do portal de notícias “Uol”
(Foto: Talita Giudice/Super Rádio Tupi)

Gravações inéditas, divulgadas pelo portal de notícias “UOL” nesta segunda-feira (05), dão indícios de que o presidente da República, Jair Bolsonaro (Sem Partido), teria se envolvido diretamente em um esquema ilegal de entrega de salários de assessores, na época em que exerceu consecutivos mandatos de deputado federal, entre os anos de 1991 e 2018. A prática, chamada popularmente de “rachadinha”, configura o crime de peculato, que nada mais é que o mau uso de dinheiro público.

Em um dos áudios divulgados pelo “Uol”, Andrea Siqueira Valle, ex-cunhada de Jair Bolsonaro, afirma que o irmão André Siqueira Valle foi demitido do cargo de assessor do então deputado federal por se recusar a repassar o valor definido. Segundo a  reportagem, André ocupou o posto no gabinete de Jair entre 2006 e 2007.

André e Andrea são irmãos de Ana Cristina Siqueira Valle, ex-mulher de Jair Bolsonaro e mãe de Jair Renan Bolsonaro, conhecido por ser o chamado “filho 04” do presidente da República. Em um outro áudio, Andrea afirma saber de muita coisa e, por isso, tinha de ficar quieta.

Neste mesmo áudio, a ex-cunhada do presidente também aponta Guilherme Hudson, coronel da reserva do Exército e tio dela e de Ana Cristina, como um dos responsáveis por recolher os salários no esquema das “rachadinhas”. Tio Hudson, como Andrea chama na gravação, é ex-colega de Bolsonaro na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman).

Já em um terceiro áudio, Andrea Siqueira Valle admite que devolvia quase todo o salário quando foi funcionária fantasma do gabinete de Flávio Bolsonaro. De acordo com a matéria do “Uol”, o esquema de “rachadinha” citado na gravação pela ex-cunhada de Jair ocorreu entre 2018 e 2019.

Em outra gravação revelada pelo Uol, datada de outubro de 2019, Márcia Aguiar, esposa de Fabrício Queiroz, chama Jair Bolsonaro de “01” e afirma que o presidente “não vai deixar” Queiroz voltar a atuar como antes. Na época da gravação, o policial militar reformado e ex-assessor de Flávio estava escondido na casa do advogado da família Bolsonaro, Frederick Wassef, em Atibaia, no interior de São Paulo.

Em um quinto áudio, Fabrício Queiroz se refere a Wassef como “anjo”. No material, o ex-assessor diz que o advogado da família Bolsonaro afirmou que ele, Queiroz, foi traído.

Flávio Bolsonaro foi alvo de investigação sobre suposta “rachadinha” no próprio gabinete de quando era deputado estadual na Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). Por conta disso, o senador foi denunciado à Justiça pelo Ministério Público do Rio (MP-RJ). O caso veio à público no ano de 2018, quando um relatório do então Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) detectou movimentações suspeitas na conta bancária de Fabrício Queiroz, no valor de R$ 1,2 milhão, entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017.

Após a divulgação deste áudios pelo “Uol”, a defesa de Flavio Bolsonaro negou, por meio de nota oficial, qualquer irregularidade do parlamentar. O texto ainda ressalta que “gravações clandestinas, feitas sem autorização da Justiça e nas quais é impossível identificar os interlocutores não é um expediente compatível com democracias saudáveis”.

Também por meio nota, o Palácio do Planalto afirmou que não teve acesso à íntegra das gravações e, por esse motivo, não poderia se manifestar. Segundo o comunicado do governo federal, a “construção da narrativa” nas reportagens “parece ter como intuito induzir o leitor/expectador a conclusões precipitadas por carecer de contexto”.

Confira a nota completa da defesa de Flávio Bolsonaro:

Gravações clandestinas, feitas sem autorização da Justiça e nas quais é impossível identificar os interlocutores não é um expediente compatível com democracias saudáveis. A defesa, portanto, fica impedida de comentar o conteúdo desse suposto áudio apresentado pela reportagem.

Sobre Andrea Siqueira Valle, a defesa afirma que ela trabalhou na Alerj e cumpria sua jornada dentro das regras definidas pela assembleia. Flávio Bolsonaro, nas suas atividades parlamentares, não tinha como função fiscalizar e orientar a forma como a servidora usufruía do seu salário.

No tempo em que foi deputado estadual, nunca recebeu informação ou denúncia de que havia qualquer irregularidade no seu gabinete ou em relação ao pagamento dos colaboradores. Portanto, não passa de insinuação e fantasia a ideia de que o parlamentar participou de qualquer atividade irregular. Esse é apenas mais um ingrediente na narrativa que tentam armar contra a família Bolsonaro. Flávio Bolsonaro confia na Justiça e tem a certeza de que a verdade prevalecerá.

Luciana Pires, Rodrigo Roca e Juliana Bierrenbach”

Leia também, na íntegra, a nota do Palácio do Planalto:

Considerando que não tivemos acesso à íntegra das gravações divulgadas pelo UOL, mas apenas a trechos fora de contexto, sem mais informações sobre data e hora, não há como nos manifestar. A construção da narrativa, tal qual feita pelo UOL, por meio da divulgação de trechos sem contextualização cronológica parecem ter como intuito induzir o leitor/expectador a conclusões precipitadas por carecer de contexto”.

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