Rio
Mais da metade dos corpos da megaoperação no Rio já passou por identificação no IML
Deputados, defensores públicos e representantes do MP acompanham os trabalhos de perícia e identificação no Instituto Médico-Legal
O Instituto Médico-Legal (IML) Afrânio Peixoto, no Centro do Rio, realiza uma força-tarefa para identificar e liberar os corpos dos 117 suspeitos mortos durante a megaoperação policial nos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte, na última terça-feira (28). Segundo o órgão, mais da metade dos corpos já passou por necropsia e parte deles começou a ser liberada para as famílias.
A operação, batizada de Operação Contenção, é considerada a mais letal da história do Rio de Janeiro, com 121 mortos confirmados, incluindo quatro policiais civis e militares. Desde as primeiras horas desta quinta-feira (30), familiares de desaparecidos lotam as áreas externas do IML em busca de informações.
Um posto do Detran-RJ foi montado ao lado do instituto para auxiliar no acolhimento e atendimento das famílias. Como alguns dos mortos seriam de outros estados, o IML solicitou acesso a bancos de dados nacionais para cruzamento de informações e confirmação das identidades.
Acompanhamento de órgãos públicos
Nesta quinta-feira à tarde, representantes da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, da Defensoria Pública e de outros órgãos de fiscalização devem visitar o IML para acompanhar as perícias e o processo de identificação.
Técnicos do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) também realizam perícias independentes nos corpos, após denúncias de possíveis execuções e irregularidades na operação. O procurador-geral de Justiça, Antônio José Campos Moreira, afirmou que o acesso a imagens e registros é essencial para a investigação.
O posicionamento ocorre após o secretário da Polícia Militar, coronel Marcelo de Menezes, reconhecer que parte das gravações corporais feitas por policiais pode ter sido perdida, devido à duração limitada das baterias dos equipamentos.
Operação mais letal do estado

Com 2.500 agentes mobilizados das polícias Civil e Militar, a ação tinha como objetivo cumprir 100 mandados de prisão e 150 de busca e apreensão contra integrantes do Comando Vermelho.
Os confrontos mais intensos ocorreram na Serra da Misericórdia, onde dezenas de corpos foram encontrados por moradores e levados até a Praça São Lucas, no Complexo da Penha, para reconhecimento.
A Polícia Civil informou que o acesso ao IML está restrito às corporações e ao Ministério Público. Casos não relacionados à operação estão sendo transferidos para o IML de Niterói. Ainda não há previsão para a conclusão das liberações.