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“Negacionismo corrói avanços do passado e sabota o futuro”, diz Lula na Cúpula do Brics
A reunião da cúpula do Brics chegou no segundo e último dia no Museu de Arte Moderna (MAM), no Aterro Flamengo, no Rio de JaneiroA reunião dos chefes de Estado do BRICS no no Museu de Arte Moderna (MAM), no Aterro Flamengo, no Rio de Janeiro, entrou no segundo e último dia nesta segunda-feira (7). Durante a abertura da última plenária, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o negacionismo e o unilateralismo estão destruindo o futuro.
“Hoje, o negacionismo e o unilateralismo estão corroendo avanços do passado e sabotando nosso futuro. O aquecimento global ocorre em ritmo mais acelerado do que o previsto. As florestas tropicais estão sendo empurradas para seu ponto de não retorno”, disse o presidente.
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, que integra a comitiva brasileira na cúpula, destacou que o Brasil conseguiu abrir mercados para a Agricultura sem descuidar da agenda de mudanças climáticas.
“O Brasil é um país que tem na agricultura um grande peso da sua balança comercial. Assumiu o compromisso de zerar o desmatamento até 2030 e já conseguiu reduzir o desmatamento em 46% na Amazônia e 32% no país inteiro”, disse a ministra.

“Conseguimos reduzir significativamente o desmatamento, evitamos lançar mais de 400 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera e, ao mesmo tempo, a nossa agricultura cresceu 15%, a renda per capita aumentou mais de 11% e o país abriu mais de 300 mercados para a sua agricultura”, completou.
Primeira plenária e temas principais
A Cúpula do BRICS, sob a presidência brasileira, teve início na manhã de domingo (6). As delegações chegaram para a cerimônia oficial às 9h30, dando o pontapé inicial às reuniões.
Logo após a tradicional foto oficial, a primeira plenária começou às 11h, com o tema “Paz e Segurança e Reforma da Governança Global”. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou o Conselho de Segurança da ONU, que, segundo ele, corre o risco de desmoralização e já não é consultado antes de ações bélicas. Lula também expressou preocupação com o retorno do temor de uma catástrofe nuclear no cenário mundial.
Defesa do multilateralismo e nova ordem internacional
Em seu discurso, Lula fez um alerta sobre o colapso do multilateralismo e a paralisia das instituições internacionais diante da escalada dos conflitos armados globais. Ele defendeu que o BRICS assuma um papel de liderança para construir uma nova ordem internacional pautada na paz, no respeito ao direito internacional e na democratização dos organismos globais.

O presidente destacou que esta é a cúpula do BRICS que ocorre no cenário global mais adverso, mencionando a perda de credibilidade da ONU e do Conselho de Segurança, esvaziados por intervenções unilaterais, corridas armamentistas e o uso político dos organismos multilaterais.
Lula citou os fracassos em conflitos como Iraque, Afeganistão, Líbia e Síria, e ressaltou que o vazio deixado por essas crises serviu para o crescimento do terrorismo, sobretudo no Oriente Médio, Norte da África e Sahel.
Conflito Israel-Palestina e Apelo por Paz
O presidente brasileiro abordou diretamente o atual conflito entre Israel e Palestina. Embora tenha condenado os atentados do Hamas, ele afirmou que “nada justifica o genocídio praticado por Israel em Gaza”.
Lula reforçou a posição do Brasil em defender a criação de um Estado palestino soberano dentro das fronteiras de 1967 como caminho para uma paz duradoura.
