Cúpula do Brics: Lula cobra reforma urgente da governança global
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Cúpula do Brics: Lula cobra reforma urgente da governança global

Na sessão sobre Paz, Segurança e Governança Global, presidente pede um novo papel para o BRICS diante de um mundo "mais instável e perigoso"

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Lula faz discurso na sessão Paz e Segurança, Reforma da Governança Global do BRICS - (crédito: Reprodução Youtube)

Em discurso contundente neste domingo (6/7), durante a sessão “Paz e Segurança, Reforma da Governança Global” da Cúpula do BRICS, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez um alerta sobre o colapso do multilateralismo e a paralisia das instituições internacionais diante da escalada de conflitos armados pelo mundo. Ele defendeu que o BRICS assuma papel de liderança na construção de uma nova ordem internacional baseada na paz, no respeito ao direito internacional e na democratização dos organismos globais.

“De todas as cúpulas do BRICS que o Brasil sediou, esta ocorre no cenário global mais adverso”, afirmou Lula. O presidente destaca a perda de credibilidade da Organização das Nações Unidas (ONU) e do Conselho de Segurança, que, segundo ele, “sequer é consultado antes de ações bélicas”. Ao mencionar os 80 anos da criação das Nações Unidas, o brasileiro lamentou que os princípios fundadores da organização tenham sido esvaziados por intervenções unilaterais, corridas armamentistas e o uso político de organismos multilaterais.

Lula citou como exemplos os fracassos internacionais no Iraque, Afeganistão, Líbia e Síria, classificando as consequências como “desastrosas”, especialmente para o Oriente Médio, o Norte da África e o Sahel. “No vazio dessas crises não solucionadas, o terrorismo encontrou terreno fértil”, disse.

O presidente brasileiro também abordou com firmeza o atual conflito entre Israel e Palestina. Embora tenha condenado os atentados do Hamas, Lula declarou que “nada justifica o genocídio praticado por Israel em Gaza”. Reforçou ainda que o Brasil defende a criação de um Estado palestino soberano dentro das fronteiras de 1967 como caminho para uma paz duradoura.

Críticas à militarização e apelos à paz

Lula criticou a recente decisão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) de estimular que países-membros destinem 5% de seus PIBs a gastos militares, em contraste com a meta de apenas 0,7% para ajuda oficial ao desenvolvimento. “É sempre mais fácil investir na guerra do que na paz”, afirmou. Para ele, o descompasso comprova que os recursos para enfrentar desafios como a pobreza, as mudanças climáticas e as pandemias existem — mas não há vontade política.

O presidente brasileiro renovou a proposta de reforma profunda no Conselho de Segurança da ONU, defendendo a inclusão de novos membros permanentes da América Latina, da África e da Ásia. “É mais do que uma questão de justiça. É garantir a própria sobrevivência da ONU”, declarou.

Lula citou o “Chamado à Ação” lançado pelo Brasil na presidência do G20 como instrumento complementar à agenda do BRICS para modernizar a governança internacional. “Cada dia que passamos com uma estrutura internacional arcaica e excludente é um dia perdido para solucionar as graves crises que assolam a humanidade”, alertou.

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