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Cultura

Rio recebe o 12º Congresso Brasileiro de Agroecologia

A Feira da Agrobiodiversidade, uma das atividades do 12º Congresso Brasileiro de Agroecologia, vai acontecer na Praça do Passeio, na quarta-feira (22), das 16h às 18h.

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Congresso Brasileiro de Agroecologia
Congresso Brasileiro de Agroecologia (Foto: Divulgação)

Imagine uma feira de troca de sementes, bem no centro da cidade do Rio de Janeiro, com a participação de mais de 70 guardiões e guardiãs da biodiversidade de todas as regiões do Brasil. Esse momento vai acontecer na quarta-feira que vem (22), das 16h às 18h.

A Feira da Agrobiodiversidade, como está sendo chamado o momento, faz parte da programação do 12º Congresso Brasileiro de Agroecologia, que se estende até a quinta (23), ocupando vários espaços da cidade com programação aberta ao público e também eventos restritos a quem se inscreveu no Congresso.  

A troca de sementes vai ser uma das atividades abertas ao público. Acontecerá na Praça do Passeio, onde estará montado o Barracão dos Saberes: Biodiversidade e Bens Comuns dos Agricultores, Povos e Comunidades Tradicionais.

Entre as sementes, estão inúmeras variedades de milho, feijão, fava, arroz, hortaliças, leguminosas, fruteiras, plantas medicinais e ornamentais, como as flores. As feiras de trocas são momentos muito importantes para a preservação e multiplicação de sementes que vêm desaparecendo ao longo dos anos. Estima-se que, só no século passado, a humanidade tenha perdido cerca de 94% das variedades de sementes crioulas que foram domesticadas ao longo dos 12 mil anos da prática da agricultura no planeta.

“As sementes crioulas são a expressão da cultura alimentar de um povo. Ter um momento de troca de sementes durante o CBA é oportunizar que essa identidade seja expandida, possibilitando que variedades desaparecidas de um determinado local possam ser resgatadas, inclusive”, comentou Claudiano Souza, do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), da organização do eixo agrobiodiversidade no CBA.

Um dos participantes da feira é o agricultor e liderança sindical que vem do semiárido da Paraíba, Nelson Ferreira. Na sua mala, já está guardado um kit com as Sementes da Paixão das famílias agricultoras do território agroecológico da Borborema. Na Paraíba, assim como em cada estado do Semiárido, as sementes crioulas, de tão importantes, têm nome próprio e diferentes.

Entre as variedades que Ferreira levará para doar e trocar no Rio, estão as sementes de milho jabatão amarelo e vermelho, que foi considerada uma raça endêmica desse território numa pesquisa feita pela Universidade de São Paulo (USP) e Universidade da República do Uruguai, nos anos de 2017 e 2018.

Vindas de uma região mais árida, as variedades crioulas já se adaptaram a condições mais estressantes em termos de baixa oferta hídrica. Por isso, despertam interesse de pesquisadores/as de todo o mundo em estudar suas dinâmicas e características, uma vez que estamos vivenciando as mudanças climáticas, que têm ampliado as áreas do Brasil com maior escassez de água.

Da região Sul, de um território recém retomado pela etnia Kaingang, na zona rural de Porto Alegre, também vem uma variedade de milho tradicional. O embornal que leva a semente do povo indígena está com a cacica Gah Té.

Além da troca das sementes, no Barracão dos Saberes: Biodiversidade e Bens Comuns dos Agricultores, Povos e Comunidades Tradicionais estão previstas rodas de conversas sobre as experiências de conversação das sementes num contexto de erosão genética e as políticas públicas que fomentam a produção e conservação da agrobiodiversidade e sociobiodiversidade.

Confira a programação abaixo:
 
Quarta-feira (22), das 14h às 16h:

Roda de Conversa: Direito dos agricultores/as, políticas públicas de acesso e comercialização de sementes crioulas, de estruturação e apoio à produção e conservação da agrobiodiversidade e sociobiodiversidade.

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