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Sem destino: Advogada que parou a ponte vive dias tensos fugindo da violência doméstica

Regina Maria Evaristo, participou do Programa Isabele Benito nesta segunda-feira (18)

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Foto: Vinicius Cruz

Em entrevista ao programa Isabele Benito na manhã desta segunda-feira (18), Regina Maria Evaristo, de 56 anos é uma advogada que protagonizou uma cena inusitada ao se manifestar na Ponte Rio-Niterói, na tarde desta quinta (14).

Após ter a consulta com a psicóloga desmarcada e a recusa de ajuda por órgãos responsáveis, ao atravessar a ponte, o desespero bateu e Regina decidiu fazer algo para chamar a atenção após inúmeras tentativas de ser ouvida.

“Eu fui agredida dentro da ONG debaixo das câmeras pelo meu ex-companheiro, e eu venho pedindo socorro a 7 anos. A partir dali as perseguições vem durante todos esses anos seja através de processos, recados, mensagens, ameaças e tudo mais, então tudo o que existe e que todo mundo já sabe acontece por isso aquele ato de desespero, eu tava fugindo e tentando ir para algum lugar e ai eu pensei assim eu preciso fazer alguma coisa, foi a dor” disse a advogada.

Ao ser questionada pela apresentadora Isabele Benito sobre o motivo de não ficar em sua casa, Regina disse que as mulheres hoje em dia não tem proteção. ”A lei protetiva da “Maria da Penha” é um papel e o papel não é escudo! O papel não para bala o papel engana e mata as mulheres, porque a mulher fica com aquela falsa sensação de que está protegida, então não é só um papel, é preciso ir além.”

“Eu não sei do que ele é capaz, porque a cabeça de um paciente psiquiátrico a gente não consegue alcançar e eu preciso preservar a minha vida eu tenho medo, eu tenho um “X” na testa ainda porque meu agressor está solto.” Falou.

 “Eu busquei ajuda na OAB na comissão da minha classe onde sou advogada há quase 30 anos e eles mandaram uma mensagem pra meu WathsApp dizendo “boa sorte”. Boa sorte pra uma mulher vítima de violência doméstica é quer dizer boa morte e foi isso que a comissão de direitos humanos da OAB fez.” Disse a advogada ao buscar ajuda na Ordem dos Advogados do Brasil.

“Minha vida de um mês para cá tem sido assim correndo dentro do carro carregando a uma mala.” Finalizou.

Há anos, Regina vive fugindo de um ex-marido agressor e não consegue ajuda da justiça. Sobrevivente de estupros, abandono e violência doméstica. Apesar de tantas dores, ela dedica sua vida a ajudando pessoas que passam por qualquer tipo de violência ou vulnerabilidade.

Regina é indígena e, ainda adolescente, veio “para a cidade grande”, buscar tratamento de saúde para a mãe, que teve um acidente vascular cerebral. A mãe foi tratada e voltou pra tribo, em Minas. Regina ficou, aos 14 anos, em Bonsucesso, no Rio de Janeiro trabalhando em casa de família. Mas, o patrão da adolescente a estuprou. Ali ela entendeu que já tinha passado por isso em casa. O pai também a estuprava. Ela foi trabalhar em outra casa onde sofreu mais um estupro.

A apresentadora Isabele Benito reiterou o apoio na defesa da violência contra a mulher e disse “A gente está aqui pra contar histórias como a da Doutora, mas principalmente pra que todas nós tenhamos voz contra a violência contra a mulher. Seja uma mulher que levanta outras mulheres!”.

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