Mangueira vai exaltar a Amazônia Negra em 2026 com Mestre Sacaca

A Estação Primeira de Mangueira anunciou, nesta sexta-feira (16), o enredo para o Carnaval 2026: “Mestre Sacaca do Encanto Tucuju – O Guardião da Amazônia Negra”. O tema, assinado pelo carnavalesco Sidnei França, vai explorar a história afro-indígena do Amapá, a partir da trajetória de Mestre Sacaca, figura lendária conhecida por seus profundos conhecimentos sobre ervas, raízes e tradições da Amazônia Negra.

Quem foi Mestre Sacaca?

Raimundo dos Santos Souza, mais conhecido como Mestre Sacaca, nasceu em 1926 e se tornou uma figura icônica na medicina tradicional do Amapá. De origem negra e indígena, Sacaca era um verdadeiro xamã da floresta, utilizando ervas, seivas, raízes e outros elementos naturais para curar doenças e promover o bem-estar das comunidades locais.

Conhecido como o “Doutor da Floresta”, ele tratava seus pacientes com garrafadas, chás, unguentos e simpatias, combinando ciência ancestral e espiritualidade.

Além de curandeiro, Mestre Sacaca também foi um marabaixeiro — praticante do marabaixo, a maior manifestação cultural afro-amapaense, que mistura música, dança e ritual. Ele também foi Rei Momo do Carnaval amapaense por mais de 20 anos, ajudando a fundar blocos e escolas de samba na região, consolidando-se como um defensor dos tambores e das tradições da Amazônia Negra.

Por que a Mangueira escolheu esse enredo?

A escolha de homenagear Mestre Sacaca marca o início do triênio do centenário da escola, que sempre buscou contar histórias brasileiras pouco exploradas. Segundo Sidnei França, o enredo reflete a missão da Mangueira de dar voz a narrativas afro-indígenas que muitas vezes ficam à margem da historiografia oficial.

“Com sua vocação de contar ‘outras histórias’, a Mangueira vai apresentar Mestre Sacaca, um legítimo representante dessa floresta afro-indígena,” afirmou o carnavalesco.

A importância de Sacaca para a cultura amapaense

Além de seu papel como curandeiro, Sacaca deixou um legado cultural duradouro. Ele promoveu suas receitas e conhecimentos em livros e programas de rádio, ajudando a preservar a medicina ancestral da floresta e a cultura Tucuju, que define a identidade do povo amapaense.

Mesmo após sua morte, sua família continua a perpetuar seus saberes, mantendo viva a memória desse líder comunitário que unia ciência e espiritualidade em um equilíbrio profundo com a natureza.