Rio
Delegado nega perseguição e chama MC Poze de “falso artista”
O delegado ressaltou que o objetivo da corporação não é criminalizar manifestações culturais, mas sim combater a propaganda do tráfico de drogas
O cantor de funk Mc Poze do Rodo foi indiciado pelos crimes de tráfico de drogas, associação ao tráfico e apologia ao crime organizado. Somadas, as penas podem variar de 15 a 25 anos de detenção.
O secretário da Polícia Civil, delegado Felipe Curi, se referiu ao funkeiro como “falso artista” durante uma coletiva de imprensa por volta das 9h. Além disso, ele ressaltou que o objetivo da corporação não é criminalizar manifestações culturais, mas sim combater os instrumentos de propaganda do tráfico de drogas.
“A gente, de forma alguma, quer criminalizar qualquer tipo de manifestação artística, cultural, ou de qualquer tipo de liberdade de expressão. A gente combateu aqui, mais uma vez, esse instrumento de propaganda e de guerra informacional feito por meio desse falso artista, desse pseudo artista que, com as suas letras, enaltecia somente uma facção”, destacou o secretário.
Poze vai dormir na cadeia esta noite
Poze foi preso pela Polícia Civil, na madrugada desta quinta-feira (29), em sua casa no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio. Ele prestou depoimento na Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), na Cidade da Polícia.
O funkeiro foi encaminhado para a Cadeia Pública de Benfica, onde vai passar por audiência de custódia.

Disseminador da narcocultura
Felipe Curi afirmou que as músicas de Poze servem como material de disseminação da narcocultura do Comando Vermelho.
“Foi uma prisão muito importante porque esse suposto MC transformou a música em um instrumento de dominação, divulgação e disseminação da ideologia e da narcocultura da facção criminosa Comando Vermelho.”
“As letras enaltecem o uso de armas de grosso calibre, o uso de drogas, narrativas anti-polícia e também fomentam a prática de guerras e disputas territoriais com facções criminosas rivais”, concluiu.
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O que envolve os bailes do Comando Vermelho?
O diretor do Departamento Geral de Polícia Especializada (DGPE), André Neves, afirmou que os bailes organizados pela facção criminosa ocorrem sem qualquer consideração pelos moradores da comunidade. Segundo ele, esses eventos são marcados, principalmente, pela venda de drogas e pelo porte ilegal de armas.
“As investigações mostram o aumento da venda de entorpecentes, exposição de arma de fogo, tudo que circunda esses bailes, sem nenhum respeito à população local, até 7, 8 horas da manhã, sem qualquer preocupação com o funcionário público, a enfermeira, o médico, o professor que tem crianças que tem que acordar cedo para trabalhar, estudar. Esses bailes acontecem a céu aberto, com centenas de fuzis, venda de cocaína, maconha e essas músicas enaltecendo o Comando Vermelho”, destacou.
Produtoras também são alvos de operação
O delegado Moyses Santana, titular da DRE, revelou que há outras investigações em curso, focadas nas produtoras e empresas suspeitas de financiar e organizar os bailes promovidos pela facção.
“Existem algumas investigações que apontam para produtoras de shows que são vinculadas aos chefes do tráfico de drogas, que promovem esses shows dentro das facções criminosas e algumas empresas que patrocinam esses shows dentro das comunidades. Então, essas empresas, essas produtoras são alvos de investigação tanto por associação ao tráfico quanto por lavagem de dinheiro”,