Megaoperação no Complexo de Israel: tiroteio deixa 4 baleados e fecha vias expressas

A Polícia Civil realiza, na manhã desta terça-feira (10), uma megaoperação no Complexo de Israel, na Zona Norte do Rio. A ação busca cumprir pelo menos 70 mandados de prisão e de busca e apreensão contra traficantes do Terceiro Comando Puro (TCP), que comanda o tráfico na região. Até o momento, os agentes prenderam 14 criminosos. Entre eles, está a esposa do traficante Jaílson, armeiro da facção. Além das prisões, os policiais apreenderam cinco fuzis, pistolas, granadas, munições e drogas.

Durante um intenso tiroteio, quatro pessoas foram baleadas, entre elas o motorista e um passageiro de um ônibus que passava pela Avenida Brasil. O passageiro foi identificado como Manoel Américo da Silva, de 60 anos. Ele foi atingido por um disparo no dorso e socorrido ao Hospital Geral de Nova Iguaçu (HGNI), onde passou por procedimentos de urgência. Segundo a equipe de cirurgia geral, seu estado de saúde é estável.

Já o condutor, Marcelo Silva Marques, de 54 anos, foi baleado no braço e encaminhado ao Hospital Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Após passar por exames de imagens e avaliação, o paciente aguarda para realizar uma cirurgia. Ainda não há informações sobre as outras duas vítimas.

A Avenida Brasil e a Linha Vermelha, na altura de Vigário Geral, chegaram a ser interditadas por volta das 6h30, no entanto, o Centro de Operações e Resiliência (COR) informou, por volta das 8h, que as vias foram liberadas nos dois sentidos. Ainda de acordo com o órgão, elas podem operar com interdições intermitentes a qualquer momento, devido operação.

Ação é resultado de sete meses de investigações

De acordo com a polícia, a ofensiva acontece após sete meses de investigações, que resultaram na identificação de 44 traficantes sem mandados anteriores. Com isso, a corporação solicitou ordens judiciais baseadas em provas contundentes.

As investigações revelaram uma organização criminosa altamente estruturada e armada, sob a liderança de Álvaro Malaquias Santa Rosa, o “Peixão”, um dos narcotraficantes mais procurados do Rio. O grupo atua em toda a área do Complexo de Israel.

A Civil informou que a facção impõe seu domínio com o uso de barricadas, drones para monitoramento das forças de segurança, toque de recolher e monopólio de serviços públicos, além de promover intolerância religiosa.

Monitoramento de viaturas e grupo de abate de aeronaves

A polícia ainda identificou um grupo responsável pelo monitoramento de viaturas, queima de ônibus e organização de protestos simulados com o objetivo de obstruir o trabalho policial.

Houve ainda, a existência de um outro núcleo especializado na tentativa de abate de aeronaves policiais, composto por criminosos com armamento pesado e treinamento específico.

Além dos mandados de prisão, a ação visa apreender armas de fogo, drogas, rádios comunicadores, aparelhos eletrônicos, documentos e outros materiais que ajudem nas investigações.

Duas construções irregulares utilizadas pelos traficantes como abrigo e pontos estratégicos de ataque — equipadas com seteiras — serão demolidas, conforme autorização judicial, como medida de desarticulação da estrutura defensiva da facção.

Passageiros vivem momentos de terror em estação do BRT

Passageiros do BRT Transbrasil passaram por momentos de terror em uma estação próxima ao Complexo de Israel. Em um vídeo divulgado nas redes sociais, é possível ver que as pessoas precisaram se jogar no chão durante o intenso tiroteio. Neste momento, um homem tenta acalmar quem está no local enquanto uma mulher canta um louvor.

Tiroteio afeta transportes

A Mobi Rio informou que devido à operação na altura de Vigário Geral, algumas linhas do corredor Transbrasil foram interrompidas temporariamente por segurança.

Serviços afetados

• 60 – Deodoro x Gentileza (Parador)
• 61 – Deodoro x Gentileza (Expresso)
• 71 – Vigário Geral x Gentileza (Expresso)

Já a SuperVia informou que, por volta das 6h05, devido forte tiroteio, a rede aérea da concessionária foi atingida na região de Parada Lucas. Por isso, trens do ramal Saracuruna operavam apenas no trecho entre Central do Brasil x Penha.

O Rio Ônibus informou que pelo menos 50 linhas tiveram seus itinerários prejudicados:

• 292 (Engenho da Rainha x Castelo)
• 300 (Sulacap x Candelária)
• SR300 (Sulacap x Candelária)
• 315 (Recreio x Central)
• 335 (Cordovil x Tiradentes)
• 338 (Taquara x Candelária)
• 342 (Jardim América x Castelo)
• SR342 (Jardim América x Castelo)
• 348 (Riocentro x Candelária)
• 352 (Riocentro x Candelária)
• 361 (Recreio x Castelo)
• 355 (Madureira x Tiradentes)
• SR355 (Madureira x Tiradentes)
• 362 (Honório x Castelo)
• 369 (Bangu x Candelária)
• 378 (Mal Hermes x Castelo)
• 380 (Curicica x Candelária)
• 384 (Pavuna x Passeio)
• SV384 (Pavuna x Passeio)
• SR384 (Pavuna x Passeio)
• 385 (Village x Passeio)
• 386 (Anchieta x Candelária)
• SR386 (Anchieta x Candelária)
• 388 (Cesarão x Candelária)
• SR388 (Cesarão x Candelária)
• 389 (Catiri x Tiradentes)
• 393 (Bangu x Candelária)
• SR393 (Bangu x Candelária)
• 394 (Vila Kennedy x Tiradentes)
• 395 (Coqueiros x Tiradentes)
• 397 (Campo Grande x Candelária)
• SR397 (Campo Grande x Candelária)
• 399 (Pavuna x Passeio)
• SR399 (Pavuna x Passeio)
• 497 (Penha x Largo do Machado)
• 498 (Penha Circular x Cosme Velho)
• 919 (Pavuna x Bonsucesso (Maré)
• 936 (Campo Grande x Fundão)
• 945 (Pavuna x Fundão)
• 975 (Madureira x Fundão)
• 979 (Madureira x Fundão)
• 2303 (Cesarão x Carioca)
• 2307 (Sete de Abril x Castelo)
• 2308 (Cosmos x Castelo)
• 2309 (Urucânia x Castelo)
• 2336 (Campo Grande x Castelo)
• 2339 (West Shopping x Castelo)
• 2381 (Jardim Maravilha x Castelo)
• 2381 (Pedra de Guaratiba x Castelo)
• 2383 (Sepetiba x Carioca )

Impactos nas unidades de ensino e saúde

Educação

Devido à megaoperação, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) suspendeu todas as aulas e provas presenciais desta terça-feira nos campus da Cidade Universitária, Praia Vermelha, Centro e Duque de Caxias.

A reitoria da UFRJ destacou que a suspensão foi necessária por conta dos riscos à segurança e das dificuldades de mobilidade enfrentadas por alunos, professores e servidores.