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Rio

Levantamento aponta que tarifa de trens deveria custar menos da metade do valor aplicado após reajuste

Observatório dos Trens, lançado oficialmente na sexta-feira (25), mostra impacto da passagem na renda do trabalhador e cobra melhorias no modal

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Passageiros cobram passagens mais jutas no trem
(Foto: Reprodução)
Passageiros cobram passagens mais jutas no trem

(Foto: Reprodução)

No Rio de Janeiro, a tarifa justa para as passagens de trem deveria ser de R$ 3,30 por dia, menos da metade dos R$ 7,00 estabelecidos após reajuste de 40% anunciado pela Supervia. É o que mostram dados do Diagnóstico sobre o Sistema Ferroviário, levantados pelo Observatório dos Trens, lançado nesta sexta-feira (25), no Museu da História e Cultura Afro-brasileira (MUHCAB).

Com esses dados inéditos, o Observatório dos Trens busca dar visibilidade à conservação do sistema de transporte ferroviário fluminense, além de lutar por uma passagem mais justa. O documento lembra que o reajuste do salário mínimo para 2022 foi de 10,04% comparado ao de 2021. Já a nova tarifa dos trens é 40% superior à de 2021. Além disso, de acordo com a CLT, o comprometimento do salário com a passagem do trabalhador deve se limitar a 6% dos seus rendimentos. Para quem recebe salário mínimo, o custo diário total deveria ser de R$ 3,30. Isso significa dizer que o bilhete único deveria custar R$ 1,65.

Mais de 300 mortes

Entre os dados disponibilizados no diagnóstico, destacam-se as 368 mortes ocorridas por atropelamento no sistema ferroviário da cidade entre 2008 e 2018. Segundo os dados, 68% dessas pessoas eram negras, cor predominante nas periferias por onde passam os trens. Só em 2018, 83 foram verificados a partir dos dados disponibilizados pelo ISP, 83 mortes decorrentes de “Homicídio Culposo por Atropelamento Ferroviário”

O Observatório dos Trens, que também será lançado formalmente no evento desta sexta, foi idealizado pela assistente social Rafaela Albergaria para monitorar a incidência de mortes nos trens e lutar por melhorias no sistema ferroviário da região metropolitana do Rio. A iniciativa surgiu com uma tragédia familiar. Em 2017, Joana Bonifácio, prima de Rafaela, morreu aos 19 anos após ter a perna presa pela porta do trem e ser arrastada por mais de 20 metros pelo trem na estação de Coelho da Rocha, São João de Meriti.

A jovem ficou com corpo estendido na ferroviária durante mais de oito horas. Enquanto a SuperVia alegava suicídio, Rafaela Albergaria buscou por casos parecidos e dados de ocorrências violentas e se deparou com diversas famílias arrasadas pela perda de seus entes queridos devido à insegurança causada pela falta de manutenção, de estruturas de segurança e pela precarização do sistema ferroviário metropolitano.

Outros temas como condições de segurança e conservação, impacto de possíveis aumentos, obras nas estações de trem, acessibilidade e óbitos na linha férrea também estão presentes no relatório.

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