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Justiça

Defesa de Flordelis entra com pedido de exumação do corpo de Anderson do Carmo, mas juíza nega

Advogados fizeram o requerimento ao final da sessão dessa quinta-feira, quarto dia de julgamento

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Advogados cercam Flordelis
Advogados fizeram o requerimento ao final da sessão dessa quinta-feira, quarto dia de julgamento (Foto: Brunno Dantas/TJRJ)

O legista Sami Abder foi a sétima e última testemunha ouvida, nessa quinta-feira (10), durante o quarto dia de julgamento da ex-deputada federal Flordelis. Ao longo da oitiva, ele afirmou não existir vestígios e nem registros médicos que comprovem que Anderson do Carmo tenha sofrido algum tipo de envenenamento. Por conta disso, ao final da sessão, a defesa da ex-parlamentar solicitou a exumação do corpo do pastor e a realização de exames para detectar a presença de arsênio e cianeto.

Em conversa com a imprensa, o advogado Rodrigo Faucz, um dos representantes da defesa da ex-parlamentar, comentou este requerimento. Ele disse se tratar de um procedimento fundamental para provar que as acusações de tentativa de homicídio contra Flordelis e demais réus é infundada.

“Ficou extremamente claro que não ocorreu nenhuma situação de envenenamento. Ficou tecnicamente provado. Esta acusação não pode ser levada a sério. A defesa vem falando que fizeram uma série de acusações exageradas para tentar impactar a opinião pública. Não há nenhum indicativo de envenenamento e hoje ficou provado isso. Então, a absolvição é uma medida de Justiça. Da mesma forma como a defesa tem certeza disso, ainda assim pediu a exumação. Que seja feito um exame, porque tanto o cianeto quanto o arsênico podem ficar no corpo”, declarou o advogado.

Também em conversa com os jornalistas, após o fim da sessão, o próprio legista Sami Abder defendeu a importância da exumação. O profissional disse que foi consultado pela defesa sobre se era válido solicitar ou não o procedimento e apoiou o requerimento.

“Eu acho a exumação é um procedimento válido justamente para gente produzir a prova daquilo que disse em plenário. Eu não tenho preocupação ou medo em colocar à prova as minhas próprias teses. Nenhum problema mesmo. Eu estou dizendo que não houve envenenamento e a exumação vai pode confirmar isso”, afirmou Sami Adder.

No entanto, após analisar o pedido, a juíza Nearis dos Santos Carvalho Arce, responsável por presidir o julgamento, decidiu indeferi-lo. Com isso, a audiência do caso será retomada na manhã desta sexta-feira (11), a partir das 09h, com os depoimentos das testemunhas de defesa que ainda faltam serem ouvidas. A expectativa é que o veredito só saia no fim de semana ou no início da semana que vem.

Relembre quais são os crimes pelos quais os réus respondem

Além da ex-parlamentar, também estão sendo julgados no Tribunal do Júri de Niterói outros quatro réus acusados de envolvimento no assassinato do pastor Anderson do Carmo, em 16 de junho de 2019. São eles: a filha biológica de Flordelis, Simone dos Santos Rodrigues; a neta Rayane dos Santos Oliveira; e os filhos adotivos André Luiz de Oliveira e Marzy Teixeira da Silva.

Réus durante julgamento no Fórum de Niterói
Réus durante julgamento no Fórum de Niterói (Foto: Brunno Dantas/TJRJ)

De acordo com o processo, Flordelis é apontada como a mandante do crime. Ao todo, a ex-deputada responder pelos crimes de homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, emprego de meio cruel e de recurso que impossibilitou a defesa da vítima), tentativa de homicídio, uso de documento falso e associação criminosa armada.

Marzy Teixeira, Simone dos Santos e André Luiz respondem por homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio e associação criminosa armada. Já Rayane dos Santos é acusada de homicídio triplamente qualificado e associação criminosa armada.

Outros envolvidos no crime já foram julgados e condenados

Em sessão de julgamento que teve início no dia 12 de abril deste ano e que só foi encerrada na manhã seguinte, o Tribunal do Júri de Niterói condenou outros quatro réus acusados de participação na morte do pastor Anderson do Carmo. O filho biológico de Flordelis, Adriano dos Santos Rodrigues, foi condenado a quatro anos, seis meses e 20 dias de reclusão em regime inicialmente semiaberto por uso de documento ideologicamente falso e associação criminosa armada. Já o ex-policial militar Marcos Siqueira Costa foi sentenciado a cinco anos e 20 dias de reclusão em regime inicialmente fechado. A esposa dele, Andrea Santos Maia, a quatro anos, três meses e dez dias de reclusão em regime inicialmente semiaberto.

Filho adotivo de Flordelis, Carlos Ubiraci Francisco da Silva foi condenado pelo crime de associação criminosa armada a dois anos, dois meses e 20 dias de reclusão em regime inicialmente semiaberto. No entanto, no dia 28 de abril, a Vara de Execuções Penais do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro concedeu liberdade condicional a Ubiraci.

Lucas Cézar dos Santos de Souza e Flávio dos Santos Rodrigues durante julgamento
Lucas Cézar dos Santos de Souza e Flávio dos Santos Rodrigues durante julgamento realizado no ano passado (Foto: Tomaz Silva/ Agência Brasil)

Antes desses, em novembro de 2021, o Tribunal do Júri de Niterói condenou Flávio dos Santos Rodrigues, filho biológico da ex-deputada federal Flordelis, a 33 anos 2 meses e 20 dias de reclusão em regime inicialmente fechado por homicídio triplamente qualificado consumado, porte ilegal de arma de fogo, uso de documento ideologicamente falso e associação criminosa armada. Ele foi denunciado como autor dos disparos de arma de fogo que provocaram a morte do pastor Anderson.

Na mesma sessão de julgamento, Lucas Cezar dos Santos de Souza, filho adotivo de Flordelis, foi condenado por homicídio triplamente qualificado a nove anos de prisão em regime inicialmente fechado. Ele foi acusado de ter sido o responsável por adquirir a arma usada no assassinato do pastor.

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