‘Ir para a cadeia? Tá doido! De jeito nenhum!’, afirma senador sobre criminalização do caixa 2

Em sessão da Comissão de Constituição e Justiça(CCJ) do Senado Federal, na última quarta-feira, o senador pelo Piauí Marcelo Castro (MDB) alegou ser “praticamente impossível” fazer campanha eleitoral sem “nenhum centavo não contabilizado”. A afirmação aconteceu durante votação do projeto que criminaliza o caixa 2 e determina pena de até cinco anos de prisão, podendo chegar a oito anos e quatro meses em alguns casos.

Durante o pleito, Castro defendeu o abrandamento da pena estipulada para o parlamentar que é pego cometendo caixa 2. Para o senador, o crime deveria ser punido com perda de mandato, mas não com prisão: “A pessoa esquece de declarar na sua campanha um determinado fato ocorrido, uma despesa efetuada, o seu contador ou seu assessor esqueceu, você vai curtir cinco anos de cadeia? De jeito nenhum. Sou radicalmente contra isso que estamos fazendo aqui. Bote: perde o direito político, perde mandato ao qual foi eleito, nunca mais se candidate na vida. Posso concordar com tudo isso. Agora ir para a cadeia quem não é criminoso? Quem não praticou crime? Quem por um lapso ou descuido qualquer se esqueceu de fazer um registro eleitoral de uma campanha que é uma coisa absurda, volume de decisões tomadas no estado inteiro, que foge do controle do candidato?”.

Formado em psiquiatria, o senador comparou a prática do caixa 2 com um “vício”: “Chegamos a um nível de promiscuidade tal que o melhor que a classe política faria seria ficar longe das empresas, por algumas décadas, até se tirar esse vício”. Marcelo Castro continuou sua fala dizendo que o Código Penal é “coisa para bandido” e não para políticos: “E eu vou para a cadeia, cinco anos de cadeia? Isso não tem pé nem cabeça. Nós estamos entrando num caminho aqui que precisa de uma reflexão. Vamos parar, vamos raciocinar, vamos pensar. Eu topo: pegou caixa dois, perdeu o mandato, saio tranquilo e vou casa para viver com minha família. Agora ir para a cadeia? Tá doido! De jeito nenhum!”.

Apesar da resistência de Castro, a votação do projeto na CCJ encerrou com um placar de  17 votos a dois. Além dele, também votou contra o senador pelo Sergipe Rogério Carvalho (PT). A votação teve caráter terminativo, e por isso, não precisará passar pelo plenário do Senado, seguindo de forma direta para a Câmara dos Deputados.