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Dia Internacional da Tireoide: Campanha alerta para mitos que envolvem a glândula

Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) esclarece principais dúvidas e alertas para a importância de se abordar o assunto

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A tireoide, uma glândula em forma de borboleta localizada na parte frontal do pescoço, logo abaixo do pomo de Adão, vital para o funcionamento do organismo, tem sua importância lembrada em função do Dia Internacional da Tireoide (25/05). Para marcar a data, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), por meio de seu Departamento de Tireoide, realiza, todos os anos, uma campanha de conscientização sobre o tema. Em 2023, o foco é esclarecer mitos que envolvem a glândula.

A tireoide é responsável por produzir hormônios tireoidianos, que controlam o metabolismo do corpo e são importantes para o crescimento e desenvolvimento, regulação do peso, temperatura corporal, batimentos cardíacos, níveis de energia e funcionamento do sistema nervoso central.

Existem diversos distúrbios que podem afetar a tireoide, sendo os mais comuns o hipotireoidismo e o hipertireoidismo. O hipotireoidismo ocorre quando a glândula tireoide não produz hormônios suficientes, levando a uma diminuição no metabolismo e sintomas como fadiga, ganho de peso, constipação, pele seca, queda de cabelo, entre outros. Já o hipertireoidismo ocorre quando a glândula produz hormônios em excesso, aumentando o metabolismo e causando sintomas como perda de peso, aumento da frequência cardíaca, tremores, ansiedade, irritabilidade, entre outros.

Além desses distúrbios, a tireoide também pode ser afetada por nódulos ou câncer de tireoide. O diagnóstico desses distúrbios é feito através de exames de sangue, que avaliam os níveis dos hormônios tireoidianos e do hormônio estimulante da tireoide (TSH), além de ultrassonografia ou biópsia para avaliar nódulos ou suspeita de câncer. O tratamento depende do distúrbio e pode incluir medicamentos para reposição hormonal no hipotireoidismo, medicação para reduzir a produção hormonal no hipertireoidismo, cirurgia para remover nódulos ou câncer, entre outros.

Confira abaixo oito mitos sobre a tireoide e a explicação sobre cada um deles.

1 – É NECESSÁRIA SUPLEMENTAÇÃO DE IODO PARA EVITAR PROBLEMAS NA TIREOIDE.

FALSO! Apesar de o iodo ser fundamental para a fabricação dos hormônios tireoidianos, a suplementação não é indicada para população brasileira, uma vez que o país apresenta uma legislação que obriga a adição de 15 mg a 45 mg de iodo por quilo de sal para consumo humano e, por isso, tem seu consumo considerado suficiente. “Tanto a falta como o excesso de iodo podem causar doenças na tireoide. Por essa razão, não devemos suplementar iodo de rotina na população brasileira, principalmente, com compostos com alta concentração”, esclarece o endocrinologista Danilo Villagelin, presidente do Departamento de Tireoide da SBEM. O médico esclarece ainda, que o excesso de iodo tem sido associado a hipotireoidismo, hipertireoidismo, doença autoimune de tireoide, aumento do tamanho da tireoide, doenças cardiovasculares. Além disso, esclarece que o monitoramento sistemático da nutrição de iodo no Brasil é fundamental para determinar populações vulneráveis a deficiência de iodo como, por exemplo, as gestantes.


2 – EXISTE UMA DIETA ESPECÍFICA PARA A TIREOIDE

FALSO! Uma dieta com sal de cozinha marinho (sal iodado) sem exageros, peixes, ovos, folhas verdes escura e castanhas (em especial a do Pará), costuma ter a quantidade ideal de nutrientes que necessitamos diariamente para a saúde da tireoide. Porém, no geral, não há dieta específica recomendada para a tireoide. “Infelizmente, de forma inadvertida, vemos muitas pessoas com diagnóstico de disfunção tireoidiana procurarem evitar a terapia convencional de reposição hormonal com a levotiroxina e, em vez disso, recorrerem a abordagens alternativas e dietas para o tratamento. Contudo, muitas dessas condutas populares e divulgadas na mídia não têm benefícios comprovados ou não foram bem estudadas”, afirma Danilo Villagelin. O endocrinologista explica que, em termos de alimentação, as seguintes recomendações são seguras e apoiadas por dados sólidos: 150 µg de iodo, diariamente, para pessoas com restrições alimentares, e 250 µg para grávidas ou em amamentação.

3 – OS HORMÔNIOS TIREOIDIANOS AJUDAM A EMAGRECER.

FALSO!  O uso de hormônios tireoidianos não é recomendado para auxiliar no processo de emagrecimento em indivíduos com função tireoidiana normal. “Embora alguns estudos sugerissem possíveis mecanismos pelos quais os hormônios tireoidianos poderiam apresentar certo efeito sobre a perda de peso, vários trabalhos científicos têm relatado baixa eficácia, além de associação com perda de massa magra e ocorrência de efeitos deletérios sobre o metabolismo ósseo”, destaca Danilo Villagelin. Além disso, segundo o especialista, o excesso de hormônios tireoidianos pode favorecer a ocorrência de arritmias, insuficiência cardíaca e eventos isquêmicos. Dessa forma, esses hormônios não devem ser utilizados com o objetivo de perda de peso.

4 – HORMÔNIOS TIREOIDIANOS PODEM SER MANIPULADOS

FALSO! Não é seguro usar formulações manipuladas dos hormônios tireoidianos. “Para o tratamento do hipotireoidismo é realizada a reposição do hormônio tireoidiano T4 na forma sintética, a levotiroxina sódica, sendo que pequenas variações na dose de levotiroxina administrada ou na quantidade absorvida podem ter consequências clínicas”, esclarece o presidente do Departamento de Tireoide da SBEM. O controle na produção do medicamento, de acordo com o médico, deve ser rigoroso e fiscalizado por órgãos competentes. “Como não é possível garantir a bioequivalência entre as diferentes formulações comerciais, é recomendável que os pacientes evitem mudanças na formulação durante o tratamento, para evitar variabilidade de uma formulação para outra”, acrescenta Villagelin.

5 – NÓDULOS NA TIREOIDE SÃO EXCLUSIVAMENTE HEREDITÁRIOS

FALSO! De acordo com o endocrinologista, na prática clínica, é difícil estabelecer a causa para os nódulos tireoidianos em um indivíduo em particular. “Os nódulos tireoidianos podem resultar de fatores genéticos e ambientais, tais como a suficiência de iodo, o tabagismo, e a presença de determinados fatores metabólicos e desreguladores endócrinos”, enumera. Danilo Villagelin desta ainda que são mais frequentes em mulheres e com o avançar da idade.

6 – CÂNCER DE TIREOIDE PODE SER EVITADO

FALSO! “Na maioria dos casos, a causa do câncer de tireoide não pode ser estabelecida. Eles podem ou não apresentar caráter hereditário, estar associados à exposição a elevadas doses de radiação, especialmente na infância, histórico familiar de câncer de tireoide, idade superior a 40 anos de idade”, elenca Villagelin. Vale lembrar que existem vários tipos de câncer da tireoide e, no Brasil, trata-se do quinto câncer mais comum entre as mulheres.

7 – A EXPOSIÇÃO À RADIAÇÃO EM EXAMES COMO MAMOGRAFIA PODEM CAUSAR CÂNCER DE TIREOIDE

FALSO! “A exposição rotineira aos raios X, como radiografias dentárias, radiografias de tórax e mamografias, não está associada a um alto risco de câncer de tireoide. Mas, deve-se minimizar a exposição à radiação fazendo apenas exames que são clinicamente necessários”, afirma Danilo Villagelin. Já a exposição a altas doses de radiação, especialmente durante a infância, segundo o médico, aumenta o risco de desenvolvimento deste tipo de câncer. O mesmo acontece com a exposição à radioatividade liberada durante desastres nucleares, como o acidente de 1986 na usina de Chernobyl, na Rússia, ou o desastre nuclear de 2011 em Fukushima, Japão, também foi associada a um risco aumentado de desenvolver câncer de tireoide, particularmente em crianças expostas. 

8 – A REPOSIÇÃO DO HORMÔNIO TIREOIDIANO DEVE SER FEITA COM A ALIMENTAÇÃO.

FALSO! Em geral, a medicação de reposição do hormônio tireoidiano deve ser realizada com o estômago vazio. “A fibra alimentar em grande quantidade pode prejudicar sua absorção, assim como certos alimentos, suplementos e medicamentos. Para evitar possíveis interações, coma esses alimentos ou use esses produtos várias horas antes ou depois de tomar seu medicamento para tireoide”, aconselha Danilo Villagelin, presidente do Departamento de Tireoide da SBEM.

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