Polícia encontra novo “resort” do TCP durante operação no Rio

Em mais uma ofensiva contra o Terceiro Comando Puro (TCP), a Polícia Civil do Rio de Janeiro descobriu, nesta terça-feira (10), um “resort” dentro do Complexo de Israel, na comunidade Cidade Alta. A estrutura, ainda em construção, contava com uma piscina pronta e cheia, além de indícios de um bar com churrasqueira, ainda em fase inicial de obras.

A descoberta aconteceu durante a operação que visa cumprir 70 mandados de prisão contra traficantes da facção. Segundo a polícia, a construção pode ser uma tentativa de substituir o chamado “Resort Green”, um imóvel de luxo atribuído ao líder do grupo, Álvaro Malaquias Santa Rosa, conhecido como Peixão, e que foi demolido em etapas a partir de março deste ano.

O que a polícia sabe sobre o novo imóvel?

De acordo com os agentes, o local não estava no radar das investigações. “Foi identificado hoje durante as diligências. Vamos apurar os proprietários e entender qual a finalidade daquele espaço”, afirmou um delegado responsável. Quando os policiais chegaram, o imóvel estava vazio, e ninguém apareceu para reivindicar a posse. Na entrada, uma inscrição dizia: “Deus é o dono do lugar.” A Polícia Civil vai investigar a quem pertence a estrutura e se há conexão direta com os mesmos responsáveis pelo resort anterior.

O que era o Resort Green e por que foi demolido?

Localizado em Parada de Lucas, o Resort Green possuía piscina, lago de carpas, espaço gourmet, palco para shows, academia e até um monte de oração. A polícia iniciou sua demolição em março, como parte de um plano para desmantelar o poder simbólico e territorial do tráfico na região. Agora, a construção descoberta na Cidade Alta levanta a suspeita de que a facção tenta retomar esse tipo de ostentação em áreas dominadas.

Confira o vídeo do “Resort Green”

ATUALIZAÇÃO: Começou agora a demolição do Resort Green, espaço em que Peixão realizava eventos no Complexo de Israel. pic.twitter.com/zuYST9DvGf

— Cadu (@caduguarieiro) March 11, 2025

Operação no Complexo de Israel

A megaoperação foi resultado de sete meses de investigações, que permitiram à Polícia Civil identificar 44 criminosos ainda sem mandado de prisão. Com as novas provas, foi possível solicitar as ordens judiciais. Somados aos já procurados, são 70 mandados de prisão expedidos.

Durante a ação, houve tiroteios intensos, inclusive dentro de um ônibus, onde ao menos dois homens foram baleados. As principais vias da Zona Norte do Rio, como a Avenida Brasil e a Linha Vermelha, chegaram a ser fechadas, o que provocou grande impacto no trânsito da cidade.

O líder do TCP, Peixão, é evangélico e batizou as comunidades de Vigário Geral, Parada de Lucas, Cidade Alta, Cinco Bocas e Pica-Pau como Complexo de Israel. Segundo a polícia, religiões de matriz africana foram banidas dessas regiões pelo tráfico.