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Menopausa precoce e infertilidade: até quando é possível engravidar e como os tratamentos assistidos podem ser grandes aliados?

Confira algumas questões relacionadas à menopausa precoce

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(Foto: Pixabay)

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As mulheres normalmente nascem com aproximadamente 1 a 2 milhões de óvulos, chegando à puberdade com apenas cerca de 300 a 500 mil.

A cada ciclo menstrual são perdidos em torno de 1000 óvulos, mesmo que não se faça uso da pílula anticoncepcional. Na maioria dos casos, a diminuição e o envelhecimento da reserva ovariana começa afetar a capacidade de gestação natural a partir dos 35 anos.

Além da gravidez tardia, que encontra uma barreira com a perda natural dos óvulos ao longo dos anos, também existe a questão da menopausa precoce. “O processo geralmente começa a ocorrer entre os 45 e 50 anos, podendo haver exceções”, indica a especialista em reprodução assistida Maria Cecília Erthal, diretora-médica do Vida – Centro de Fertilidade.

De acordo com a profissional, para quem já entrou na menopausa ou possui uma reserva ovariana muito baixa, existe a opção de fazer um tratamento de fertilização in vitro com óvulos doados. “Cada vez mais as mulheres estão deixando para engravidar mais tarde, muitas vezes já com sua reserva de óvulos comprometida não só em número, mas também em sua qualidade. Para tanto, a fertilização com óvulos doados é uma opção com excelentes chances de gravidez”, explica.

Veja, a seguir, algumas questões relacionadas à menopausa precoce e outras possíveis perguntas:

1 – Qual é o percentual de mulheres férteis que são acometidas pela menopausa precoce com base em estudos e análises mais recentes?

O percentual de mulheres em idade fértil que são acometidas pela menopausa precoce é em torno de 1%. Ou seja, mulheres antes de 40 anos, que ainda seriam consideradas em idade fértil, são acometidas pela menopausa precoce.

2 – Tratamentos para o câncer, que podem atingir o sistema reprodutor feminino, e a endometriose, podem ser fatores de risco para uma menopausa precoce. É possível reverter o problema nestes casos?

Tratamentos para câncer, como quimioterapia e radioterapia, podem sim destruir o tecido ovariano – o parênquima reprodutivo, o parênquima germinativo das mulheres, que é o que ajuda na produção de hormônios também, podendo levar a casos de menopausa precoce.

Já a endometriose, que é uma doença que tem um caráter infiltrativo e destrutivo, da mesma forma, acomete o tecido ovariano, destrói os folículos, que são produtores de hormônios, também podendo levar à menopausa precoce.
Na maioria das vezes não se pode reverter esse tipo de problema. Lembrando que a cirurgia para a cura da endometriose também pode comprometer, porque retira fragmentos do tecido ovariano, que isso também pode lavar a quadros de menopausa precoce.

3 – Existe um percentual de mulheres com falência ovariana prematura que consegue engravidar de forma natural? É possível reverter esse quadro, estimulando a ovulação com uso de hormônios?

Existem mulheres que estão numa fase limítrofe desta falência ovariana e que ainda têm um percentual de folículos de reserva, mesmo que pequeno, mas ainda existem ainda nos ovários esses folículos, que podem ser ovulados.

Estas mulheres que estão vivendo esse momento, têm muitos ciclos que não são ovulatórios. O ovário economiza, justamente porque tem poucos folículos. Então elas têm a maior parte dos seus ciclos sem ovular. Mas eventualmente elas ovulam sim e podem engravidar, desde que todo o resto do sistema reprodutor esteja funcionando normalmente, as trompas, o endométrio, o útero. Desde que ela tenha relação no momento adequado, que o sêmen do marido seja normal, ela poderá engravidar sim. E às vezes com uma estimulação da ovulação, com medicamentos, podemos ajudar que elas engravidem.

4 – Em termos de tratamentos assistidos, o mais indicado é uma FIV com óvulos doados para essas mulheres em menopausa precoce ou existe outra opção em termos de terapia assistida nestes casos?

A melhor indicação de tratamento para essas mulheres que estão vivenciando essa ameaça da menopausa precoce ou uma menopausa precoce já plenamente estabelecida é a fertilização in vitro (FIV). Se elas ainda têm uma pequena reserva de óvulos, podemos tentar ainda com os óvulos delas. Porém, se já não apresentam reserva alguma, um quadro estabelecido de menopausa precoce, a indicação é a FIV com recepção de óvulos de outras mulheres. Essa será a melhor opção para esses casos.

5 – Como é uma situação que foge da normalidade do ciclo natural da mulher, a antecipação da menopausa, é importante um acompanhamento psicológico depois da decisão da opção por um tratamento assistido?

A maioria das mulheres acaba sendo pega de surpresa com essa falência ovariana. Nenhuma mulher espera entrar em menopausa antes dos 40 anos. Isso causa, sim, um dano psicológico. O ideal é que essas mulheres tenham algum tipo de acompanhamento, um suporte de uma psicóloga, inclusive para que possam tomar a decisão mais acertada em relação à gravidez.

O tratamento com FIV através da doação de óvulos é uma realidade e por meio da epigenética essas mulheres podem inclusive compartilhar um pouco da sua genética com os bebês que são gerados a partir da doação de óvulos. É um assunto bastante interessante, que essas mulheres podem abordar isso, não só com um psicólogo, como também com seus médicos que irão acompanhar no tratamento de reprodução assistida.

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