Botafogo
Reflexão do Botafogo 2025; Você concorda?
Avaliação é complexa levando em consideração escolhas feitas dentro e fora de campo
2025 tem sido até agora uma temporada de incertezas e críticas dos torcedores do Botafogo, que assistiram um 2024 mágico na história do clube, campeão da Libertadores e Tri Brasileiro. Atualmente, a maior insatisfação está no trabalho do técnico Renato Paiva, mas é preciso falar do time titular, dos reservas, do planejamento e do lado psicológico. Futebol não é uma receita de bolo, muito menos matemática, onde 1 + 1 sempre será 2.
Lado psicológico …
Claramente em 23 o Botafogo vinha crescendo, o trabalho da SAF apresentando melhorias em todos os setores do clube, principalmente, dentro de campo. O Botafogo foi construindo um favoritismo absurdo no Brasileirão. Infelizmente, Luís Castro aceitou uma proposta milionária para dirigir o Al-Nassr e comandar o compatriota Cristiano Ronaldo. A euforia virou pesadelo com uma reta final catastrófica, culminando na perda do título que estava “nas mãos”. O apagão do Nilton Santos contra o Athletico-PR se transformou num apagão geral nas últimas rodadas. Dali em diante zero vitórias. Restou a Pré-Libertadores.
“É tempo de alegria”! Foi realizado um trabalho sensacional em 24 para evitar qualquer tipo de comparação com o ano anterior. Artur Jorge, diretoria e demais profissionais especializados do departamento de futebol conseguiram transformar uma filosofia derrotada em mentalidade vencedora. Vale o que está por vir, e não o que não foi possível conquistar. Resultado: Confiança, performance, qualidade e foco para levantar duas taças, sendo a Libertadores a maior da história do clube.
Dito isso, vem um 2025 em que esse mesmo trabalho precisa ser feito, só que de forma inversa. Repetir o sucesso é algo bastante difícil de ser alcançado. Comparar mudanças significativas com as maiores glórias é uma tarefa cruel. 2025 precisa caminhar com as próprias pernas, e não ser um fantasma de 24. Todo mundo vai querer tirar uma casquinha do campeão. Pode ser daí um ponto de partida tendo como objetivo buscar mais títulos.
Planejamento …
Não sou eu que estou dizendo, mas o próprio dono do futebol falou abertamente: 2025 para o Botafogo só começa em abril. As competições disputadas até agora não valeram de absolutamente nada.
Um parênteses nessa fala (por mais que Estadual, Supercopa e Recopa Sul-americana sejam competições com um grau de importância inferior das demais como Copa do Brasil, Brasileirão, Libertadores e Super Mundial da Fifa, eram títulos inéditos para o Glorioso. Umas dessas finais foi contra o maior rival Flamengo, que visivelmente chegou muito mais preparado para ganhar).
Pelo menos um desses títulos poderia ser um fator relevante na manutenção da mentalidade vencedora do ano passado. O efeito visto hoje é o contrário. Primeiro e segundo fatores citados se encontram. Claramente, é um time sem a confiança necessária. Peças chaves não transparecem a mesma segurança. Quem tá sendo exposto em campo pelos resultados são os jogadores.
Houve uma demora na escolha do novo treinador. Quatro meses de trabalho foram praticamente jogados fora. John Textor entrevistou, analisou vários nomes mais consagrados, técnicos campeões por seleções e clubes mais potentes da Europa. Sem conseguir sucesso a escolha foi surpreendente por Renato Paiva, português que teve um trabalho não muito bem avaliado no Bahia. A opção por Paiva era algo que seria questionada e traria impaciência da torcida. Sendo SAF ou associativo, os torcedores têm poder de derrubar treinador.
Acho que está faltando uma presença maior de Textor no Rio de Janeiro. As aparições são feitas apenas nas redes sociais. Ele mudou a história do Botafogo. Virou ídolo com todos os méritos possíveis e impossíveis. A SAF era uma administração jamais pensada pelos torcedores. Os frutos já apareceram mais rápido do que esperado num projeto que visa médio e longo prazo, porém resultados vão ditar críticas e elogios dos botafoguenses.
Renato Paiva …
São oitos jogos, quatro derrotas, dois empates e duas vitórias, com 31,8% de aproveitamento. Tá muito no cedo para fazer um julgamento TAXATIVO do trabalho do treinador, mas a tal impaciência da torcida já começou. A insistência por Patrick de Paula na criação precisa de um ponto final urgente. Talvez na sua função ele esteja merecendo ser testado. Seria fácil tirar Marlon Freitas, o capitão? Não! Mas o treinador está ali pra isso, ou seja, tomar decisões se ele achar que precisa fazer. É visível que o time tem problemas de coordenação defensiva, falta dinamismo e não é letal no ataque. Demissão? não faria nesse momento, mas algumas soluções precisam ser encontradas antes que seja tarde demais. Não tem jeito, no Brasil treinador é interino e precisa de resultados para se manter no cargo.
Time titular …
Dos 11 atletas, oito titulares de 2024 formam o atual Botafogo. Era para ser nove, porém Bastos está machucado. Dois jogadores fazem tanta falta assim? Pior que sim! Savarino pode ser considerado o melhor de 2024, o mais regular na trajetória, porém Luiz Henrique e Almada eram os mais geniais. No drible, na velocidade, nos gols… eles decidiam. Substituí-los seria fácil? Lógico que não. De fato, não está sendo. Arthur está faltando decolar. Santi Rodríguez estava um bom tempo parado e agora está machucado. Quem o acompanhou na MLS, Liga Norte-Americana, passa ótimas referências, porém quando esteve em campo não rendeu. Bem verdade que não é simples esse processo de adaptação. Alguns jogadores também estão rendendo abaixo do esperado individualmente.
Banco de reservas …
A reformulação era algo programado e que tinha que acontecer. Muitos viveram grandes momentos, mas já estavam desgastados. Os principais nomes que deixaram a equipe de “reservas” do Botafogo ainda não brilharam nos novos clubes. Tiquinho, Júnior Santos, Óscar Romero, Eduardo e Tchê Tchê estão por aí. A questão são as reposições. Nathan Fernandes está se recuperando de lesão, Jeffinho é uma incógnita, Rwan Cruz e Elias Manoel nada produziram. O meio campo possui muitos volantes e poucos meias. Nenhum garoto ganhou muito destaque nas experiências feitas na Taça Guanabara e não são soluções. Colocá-los num momento de instabilidade pode resultar em queimá-los sem necessidade.
Dito isso,
Não houve abandono! A diretoria investiu R$ 500 milhões em contratações nessa primeira janela. O Botafogo vai se reforçar para o Super Mundial, uma competição que é a que menos gera expectativa. Nesse formato é difícil um Sul-americano ser campeão. O grupo também não ajuda muito com PSG e Atlético de Madrid.
A esperança é a segunda janela ser perfeita. A SAF fez nos últimos anos os melhores investimentos nesse período.
Resta saber como o Botafogo estará até lá…
