Política
Em sessão marcada por desistência e decisões judiciais, Rodrigo Bacellar é eleito presidente da Alerj
Deputado irá ficar à frente do parlamento fluminense pelos próximos dois anos
O deputado Rodrigo Bacellar (PL) foi eleito, nesta quinta-feira (02), o novo presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). A sessão, marcada por uma série de reviravoltas, foi realizada no plenário Barbosa Lima Sobrinho, no Palácio Tiradentes, antiga sede da Casa.
A primeira reviravolta ocorreu ainda na manhã de quinta, quando o presidente do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), o desembargador Henrique Carlos de Andrade Figueira, determinou o voto secreto na eleição. Esta decisão, de caráter liminar, atendeu uma ação protocolada pelo deputado estadual Filipe Poubel (PL) que questionava uma modificação feita no regimento interno da Casa na época em que o presidente era o então deputado Sérgio Cabral (MDB).
Em seguida, pouco antes da abertura da votação, outra reviravolta. O deputado Jair Bittencourt anunciou a retirada da própria candidatura à presidência da Alerj. Em discurso na tribuna do plenário, ele justificou a desistência dizendo que fez isto “pelo bem do estado”.
“Quando terminamos as eleições do ano passado, nós tínhamos na nossa base, eleitos na chapa do governador, 47 deputados. Já os demais 23 deputados foram eleitos em um chapa contrária e teoricamente seriam de oposição. Em todo o trabalho de uma semana, sempre se contou votos. Muitos ou poucos. Isso é natural. Tenho certeza que a base estabelecida com o governador Cláudio Castro está refeita nessa Casa. Não chegamos ao debate final, ao voto de ganhador e perdedor. Eu saio com a alma lavada e o sentimento de vitória do parlamento, presidente. Aliás, permita assim lhe chamar: meu presidente Rodrigo Bacellar! Conte com esse deputado”, declarou Jair Bittencourt.
Tendo Rodrigo Bacellar como único candidato, a votação para presidente da Alerj, prevista para ter início 15h, começou com quase uma hora e meia de atraso. No entanto, quando estava perto do fim, uma nova decisão judicial chegou. Desta vez, do ministro Luis Felipe Salomão, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O magistrado cassou a liminar anterior e determinou que a eleição fosse feita de maneira nominal e aberta.
O processo, então, foi reiniciado e só terminou por volta das 19h. Rodrigo Bacellar foi eleito presidente da Assembleia Legislativa com um placar de 56 votos favoráveis, 13 abstenções e uma ausência. Ao fazer o primeiro discurso no cargo, Bacellar pregou a pacificação e o diálogo.
“Que fique claro que a eleição de chapas, que nem aconteceu, acabou nesta data. Daqui para frente, todos nós vamos baixar as guardas, abraçar um ao outro e fazer desse parlamento uníssono e cada vez mais forte”, afirmou Bacellar.
Concluída a sessão, já eleito e empossado presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar conversou com a imprensa e comentou os bastidores desta eleição. “Eles fizeram o jogo que deveria ser feito. Tentaram cooptar, saíram buscando voto, buscando apoio, buscando o quê é melhor para administrar através daquilo que se propôs a fazer… Mas, de uns dois dias para cá, ficou muito claro para outra chapa, humildemente falando, que a gente tinha alcançado uma maioria com uma certa tranquilidade e solidificado essa vantagem. Houve ainda uma última tentativa deles, inteligente, de construção e apelo, que foi entrar com uma liminar para que a eleição fosse com voto secreto, na esperança de que alguém pudesse voltar atrás. Mesmo assim, ninguém tinha dúvida de que sairíamos vencedores. Afinal, estava um clima tão bacana e unificado em volta da nossa candidatura que hoje, por exemplo, nós almoçamos quase que 45 deputados, todos juntos, e viemos andando de volta para o Palácio Tiradentes rindo e conversando”, pontuou.
Bacellar explicou ainda como foi costurado o acordo que culminou na renúncia de Jair Bittencourt da disputa pela presidência da Casa. “Na quarta-feira à noite é que começou algum tipo de diálogo. O meu amigo, o deputado Dr. Serginho, me procurou e conversamos sobre a construção de uma desistência da outra chapa. Ele me indagou se haveria retaliações ou coisas do tipo, mas fiz questão de garantir que jamais isso ocorreria. É o tipo de coisa que não pode acontecer. Eleição, embate acabou na data de hoje. A partir de agora, eu sou o presidente de mais 69 colegas, então não tem nem o porquê”, disse o novo presidente.
Também em conversa com os jornalistas, Bacellar antecipou algumas das prioridades do seu mandato à frente do parlamento fluminense e destacou a necessidade de uma reforma tributária. “Esse é um tema que vamos ter de chamar a sociedade civil para participar do debate. Instituições como Firjan, Fecomércio e FGV também são primordiais estarem envolvidas. Teremos que fazer um grande estudo para poder equacionar isso. São milhares de benefícios dados na arcaica legislação tributária aqui do estado. Temos que fazer um encontro de contas para poder sanar e buscar um maior resultado efetivo. Assim, conseguimos deixar que o verdadeiro benefício, aquele que funciona, fique em prática. Já o obsoleto a gente tira de cena”, relatou.
Com a vitória, Rodrigo Bacellar irá ocupar a presidência da Alerj pelos próximos dois anos. Neste período, além de Bacellar, a Mesa Diretora será formada pelos vices Brazão (União Brasil), Tia Ju (Republicanos), Zeidan (PT) e Célia Jordão (PL); pelos secretários Rosenverg Reis (MDB), Pedro Ricardo (PROS), Francine Motta (União Brasil) e Giovanni Ratinho (Solidariedade); e os vogais Índia Armelau (PL), Dr. Deodalto (PL), Valdecy da Saúde (PL) e Renato Miranda (PL).